Discussões sobre a vida e a morte, pessimismo e otimismo, a fragilidade da substância humana e conflitos interiores que assaltam personagens desajustados no topo de arranha-céus, já haviam sido temas trabalhados pelo cineasta alemão Wim Wenders no belíssimo Asas do Desejo (1987). Essas pautas se repetem em outro título – menos alardeado – da filmografia do diretor, mas com um viés bem distinto. Em 2000, Wenders decidiu filmar um longa baseado em argumento de Bono Vox, o frontman da banda irlandesa U2. Aliás, a banda também é responsável pela sensível trilha sonora que reflete bem essência da trama.
Terror psicológico independente e de baixo custo, dirigido por Jeremy Loveringe e lançado em 2013, Uma Noite Para Esquecer (In Fear, no original em inglês), é o típico caso em que a premissa é melhor do que a execução.
O longa acompanha o jovem casal Tom (Iain de Caestecker) e Lucy (Alice Englert) que, poucas semanas depois de se conhecerem, combinam de ir a um festival de música e encontrar alguns amigos. No entanto, os planos de Tom são um pouco diferentes. Antes de seguir rumo ao concerto, ele quer passar a noite com ela em um hotel localizado em um lugar ermo. Elogiado no Festival de Sundance – onde foi exibido em uma sessão de meia noite – o longa britânico se destaca especialmente por ter sido realizado praticamente sem script, com apenas algumas referências pontuais para que os três atores que o protagonizam, seguissem.
O livro é melhor que o filme é uma das frases que, sem dúvidas, está na lista dos males do século. Já cansei de dizer o quanto a sentença é equivocada. Comparar duas mídias distintas, com linguagens extremamente diferentes, é uma falácia das grandes. E como defensora do conceito de adaptação – uma palavra que muita gente se recusa a compreender a definição – eu costumo dizer que uma história pode ser mais bem contada em uma mídia ou em outra. Pois bem, 13º Andar – longa de 1999, dirigido por Josef Rusnak e baseado no livro Simulacron 3 de Daniel F. Galouye – não se trata de uma adaptação exemplar. Mas, se analisado independentemente do material que o originou, é um filme interessante.
Rever este célebre filme de Brian De Palma no cinema, graças ao projeto Clássicos Cinemark, me fez exclamar, ainda que silenciosa-mente, em pensamento, uma frase que tanto reluto dizer em voz alta e com a qual eu realmente não concordo (ou achava que não concordava): Não se faz mais cinema como antigamente. A verdade é que eu sou uma detratora deste conceito atual de que a televisão está bem melhor do que o cinema, produzindo excelentes seriados. Concordo com a parte de que as produções televisivas tem sido excelentes. Mas há, sim, muita coisa boa em termos de cinema. Contudo, um clássico à altura de Os Intocáveis? Primoroso em aspectos técnicos e narrativos? Realmente, há muito que não vejo um filme assim…
A adaptação para as telas da série em quadrinhos homônima criada por Mark Millar e Dave Gibbons pode não apenas ser considerada uma grata surpresa, como também merece um lugar de destaque na lista de melhores lançamentos de 2015. Kingsman – Serviço Secreto é um delicioso filme de espionagem e ação que presta um tributo aos antigos longas de James Bond, e ainda traz como aperitivo um timing cômico certeiro, sendo permeado por momentos de comédia inteligente. O resultado é um filme divertido, dinâmico e extremamente charmoso. Mesmo munido de cenas bizarras e surreais, jamais deixa de ser funcional enquanto entretenimento.