Revisitar um clássico intocável é sempre um risco. Um clássico vencedor de dez estatuetas do Oscar, incluindo a de Melhor Filme, mais arriscado ainda. Entretanto, Steven Spielberg tinha esse como o seu projeto pessoal e é um cineasta visionário, inventivo, sem medo de correr riscos e um dos melhores de sua geração. Portanto, os fãs do original de 1961 podiam dormir tranquilos. Amor, Sublime Amor estava em boas e seguras mãos. Artisticamente, este é um dos melhores filmes do realizador americano em muito tempo. Continuar lendo [Streaming] Amor, Sublime Amor
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[Streaming] King Richard: Criando Campeãs
Se eu tivesse acompanhado a corrida pelo Oscar, como costumava fazer até ano passado, o título do post sobre a cerimônia e os vencedores da premiação seria Tapa na Cara da Sociedade. Mas o Oscar já passou e a presente publicação não é sobre isso. Nem tenho a intenção de dedicar algumas palavras ao lamentável episódio que se desenrolou durante a recente edição do prêmio e cujas consequências continuam a impactar a vida dos envolvidos e até de não envolvidos, que sequer estiveram presentes naquela noite de 27 de março, no Teatro Dolby em Hollywood. O objetivo aqui é falar sobre o filme King Richard: Criando Campeãs. Até porque de piadas sem graça, já basta o Chris Rock 😉 Continuar lendo [Streaming] King Richard: Criando Campeãs
[Cinema] Belfast
Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Belfast é o mais pessoal e semibiográfico dos longas dirigidos pelo simpático realizador Kenneth Branagh. Aliás, aqui ele também assume a função de roteirista. No entanto, por mais que o cineasta tente conferir um olhar apaixonante à sua obra, tudo soa meio frio. Belfast é um filme feito na medida para agradar a Academia e arrematar algumas estatuetas no Oscar. A ironia é que a produção foi empalidecendo conforme a Awards Season avançava. Continuar lendo [Cinema] Belfast
[Cinema/Streaming] O Beco do Pesadelo
Misto de terror e noir, O Beco do Pesadelo narra a jornada de ambicioso vigarista que busca ascender manipulando as pessoas a acreditarem que ele possui poderes mentais.
Sou do time que acredita, de fato, que é sempre uma satisfação conferir um filme de Guillermo del Toro. Ainda que a produção em questão nem chegue perto de figurar na lista de obras-primas do cineasta, como é o caso.
Situado em meados da década de 1940, O Beco do Pesadelo retrata a história de Stanton Carlisle (Bradley Cooper), um carismático, porém, desafortunado vigarista que entra para um circo de horrores e torna-se o favorito da vidente Zeena (a ótima Toni Collette). Com ajuda dela e de seu marido, Pete (David Strathairn), Stan aprende vários truques baseados em um complexo e eficiente sistema de códigos para iludir a plateia e convencê-la de que ele possui assombrosos e extraordinários poderes mediúnicos. Continuar lendo [Cinema/Streaming] O Beco do Pesadelo
[Cinema] Licorice Pizza
É interessante como Paul Thomas Anderson decreta uma certa territorialidade em seus filmes, como se todas as produções assinadas pelo cineasta pertencessem a um mesmo universo. E nem digo isso por conta da estranheza que seus filmes causam, da excentricidade de seus personagens, da reinvenção de gêneros saturados ou do brilhantismo de suas narrativas.
Por exemplo, para sua última empreitada, Licorice Pizza, ele escalou o ator Cooper Hoffman, de apenas 19 anos, para interpretar um de seus protagonistas, Gary Valentine, que, lá pelas tantas, se aventura pelo ramo de colchões. O vilão de um dos melhores longas de PTA, Dean Trumbell de Embriagado de Amor, era interpretado pelo pai de Cooper, o saudoso Philip Seymour Hoffman, e também era um vendedor (ou melhor, um trambiqueiro) de colchões. O ator, aliás, deu as caras em grande parte da filmografia de Anderson. Importante salientar, ainda, que a maioria dos filmes do cineasta se passam na mesma região: Vale de San Fernando, em Los Angeles, onde Anderson nasceu, cresceu e reside até o presente momento. Continuar lendo [Cinema] Licorice Pizza
[Cinema] Drive My Car
Boa parte dos créditos só surgem na tela por volta dos 40 minutos de filme. O que veio antes, foi apenas um longo prólogo cujo propósito é desenvolver o relacionamento entre um casal. A ruptura na vida do protagonista, o ator e diretor Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), se dá ao testemunhar uma cena de infidelidade. Por fim, a introdução é finalizada com uma tragédia.
Composto de belos quadros, com uma atmosfera bem urbana, e uma câmera na maior parte do tempo estática – que capta a beleza estonteante das paisagens ao redor, bem como a expressividade de seu poderoso elenco – o longa japonês Drive My Car, baseado em conto homônimo de Haruki Murakami, publicado em 2014, acompanha um dramaturgo tentando preencher lacunas de sua vida e em busca de um encerramento após dilacerantes perdas. Continuar lendo [Cinema] Drive My Car