O ápice da saga Star Wars, dirigido por Richard Marquand, com roteiro de Lawrence Kasdan e George Lucas, mantém o senso de aventura e o nível de entretenimento, mas a qualidade do texto cai um pouco com relação aos seus predecessores. Ainda mais se comparado ao soberbo segundo episódio da franquia.
Na trama, ambientada cerca de um ano após os eventos mostrados no episódio V, o Império dá início à construção de uma segunda Estrela da Morte, uma vez que os planos de concretizar a original foram frustrados pela Aliança Rebelde, como visto no primeiro filme da saga. Para tanto, o novo projeto conta com a supervisão do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), conhecido como Darth Sidious. Além disso, uma base, cuja função é projetar um campo de força visando a proteção da nova Estrela da Morte, é construída secretamente na lua de Endor.
C-3PO (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker) são encarregados de negociar a vida da Han Solo (Harrison Ford), ainda congelado em Carbonita, junto ao gangster Jabba the Hutt (Declan Mulhouland) no planeta desértico de Tatooine. Os dois levam uma mensagem de Luke Skywalker (Mark Hamill) que, sem o prévio conhecimento dos desafortunados droides, propõe um acordo insólito com Jabba: o gangster pode ficar com C-3PO e R2-D2 em troca da vida de Solo. O piloto, porém, devia uma grande quantia a Jabba, portanto, este não concorda com as condições, mas decide manter os dois droides consigo mesmo assim. Um misterioso caçador de recompensas surge para vender Chewbacca (Peter Mayhew) para Jabba e acaba revelando ser a Princesa Leia (Carrie Fisher), que veio, disfarçada, ao resgate de Han Solo. Obviamente o plano dá errado e os dois são capturados pelo gangster, com Leia sendo escravizada. Felizmente, o nobre Luke Skywalker aparece a tempo para salvar seus amigos, munido de seu glorioso sabre de luz e contando com o auxílio de Lando Calrissian (Billy Dee Williams) que já havia se arrependido e tentado se redimir por ter traído Han e Leia no episódio anterior.
Após o resgate, Luke parte para Dagobah de modo a concluir seu treinamento com Mestre Yoda (Frank Oz) e descobre que seu destino é enfrentar seu próprio pai, Darth Vader (David Prowse e voz de James Earl Jones), a fim de restaurar o equilíbrio da Força na galáxia. Leia e Solo se unem aos outros rebeldes para traçar um novo plano a fim de derrotar de uma vez por todas o Império Galáctico. Han sofre ao se separar da Millennium Falcon, deixando nas mãos de Lando a tarefa de guiá-la no ataque à estação espacial imperial. A Solo e Leia, cabe infiltrarem-se na lua de Endor com a missão de desativar o escudo que protege a nova Estrela da Morte. No entanto, a Aliança Rebelde é atraída para uma emboscada. Em Endor, eles conhecem os Ewoks, criaturas cuja aparência se assemelha a ursinhos. Apesar de parecer uma raça primitiva, que vê C-3PO como uma divindade a quem eles não hesitam em adorar, os Ewoks são de fundamental ajuda no clímax da história, contribuindo com os rebeldes na derrota do Império.
Luke tenta resgatar seu pai do lado sombrio da Força enquanto Vader, em contrapartida, ainda tenta atrair e reivindicar seu filho para que lute e governe ao seu lado, mas sabe que o destino da galáxia depende de um duelo decisivo entre as duas partes. Luke, porém, não está de todo errado, acreditando que ainda há vestígios de bondade em seu pai; da nobreza que ele um dia possuiu quando era conhecido como o Jedi Anakin Skywalker antes de ser seduzido e se render ao lado sombrio.
A narrativa se perde um pouco em meio a uma quantidade relativa de novas criaturas, monstrinhos e tramas paralelas. Ainda apresenta grandiosas sequências, explosões e batalhas visuais que se tratam de puro deleite para o espectador, mas há muitos elementos que poderiam ter sido limados do tratamento final do roteiro, em ordem de um filme mais enxuto e menos, bem… constrangedor.
A sequência nas Dunas parece evocar a obra de Frank Herbert, que serviu de inspiração (dentre inúmeras outras referências) para Lucas compor sua ópera sci-fi. Soa aqui como um pequeno e respeitoso tributo. O confronto com os stormtroopers na lua florestal Endor é muito bem executado e digno de nota. No entanto, o prólogo envolvendo Jabba, e que se passa em Tatooine, é tão desnecessário que parece funcionar apenas como pretexto para que Leia Organa (Carrie Fisher) surja em trajes sumários. A balada alienígena é outro dos elementos embaraçosos do longa. Quer mais aspectos problemáticos? Os Ewoks. Criaturas fofas, mas que não deixam de dar um ar desconcertante para a trama.
Uma curiosidade é que esse costuma ser o filme favorito de muitas crianças que estão começando a se aventurar pelo universo de Star Wars. Não surpreende, uma vez que os Ewoks têm um aspecto bem infantil, mais atraente a esse público. A ideia de construir uma Nova Estrela da Morte também me parece forçada e denuncia certa falta de criatividade de Lucas.
De positivo, o filme traz mais conflitos emocionais, optando por uma conclusão da saga com bastante sentimento, mas sem pesar a mão na dramaticidade ou soar piegas. A dinâmica do trio principal fica cada vez mais interessante no decorrer da narrativa desse terceiro episódio e mais momentos cômicos e de intimidade dos personagens são acrescentados, o que só contribui para torná-los mais simpáticos ao público – não que fosse realmente necessário, visto que o carisma dos atores já havia conquistado a audiência nos episódios anteriores.
Um novo laço familiar é revelado e que, hoje, para fãs de Star Wars e mesmo para apreciadores casuais da obra e espectadores curiosos, compreende um dos pontos centrais da franquia, sendo inimaginável a não existência dessa revelação na trama: Leia e Luke são irmãos. Todavia, é bem nítido que Lucas nem cogitava a ideia quando deu início ao seu épico sci-fi, o inserindo no meio do caminho, provavelmente, enquanto escrevia o argumento do terceiro filme da série. Ambos são filhos de Darth Vader e da saudosa Padmé Amidala, separados durante o nascimento e escondidos de modo que nem Vader, nem Palpatine descobrissem seus paradeiros e identidades. Tanto é fato que Lucas só foi ter essa espécie de epifania de transformá-los em irmãos de última hora, que Luke e Leia trocam um beijo nada fraternal em O Império Contra-Ataca. E que, após a revelação, se torna bem difícil de digerir…
O Retorno de Jedi é um encerramento digno para a saga, que peca um pouco pelo excesso e que, obviamente, poderia ser um filme melhor. Mas, ainda assim, é um ótimo entretenimento, cuja qualidade está anos-luz à frente dos episódios que seriam lançados pouco mais de 15 anos depois, dirigidos pelo próprio George Lucas. Mas esse é assunto para outro post…
O longa está disponível no catálogo da Disney+
Andrizy Bento
Muito bom amiga e continue escrevendo vc tem talento um grande abraço…
Obrigada, mas esse texto não é meu, é da minha irmã! 😉
Adryz