[Catálogo: Clássicos] Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca

Há muito tempo, em uma galáxia muito distante, O Império Contra-Ataca foi um dos filmes que derrubou o paradigma de que sequências são inferiores aos longas originais…

Com seu universo previamente introduzido e o conflito devidamente estabelecido no primeiro filme da saga, seu criador, George Lucas, teve mais possibilidades de desenvolvimento de sua história no grande ecrã. O longa original já tinha o mérito de não cair na cilada da exposição em demasia e, diferentemente dos tempos atuais, naquela época ainda não existia o conceito abusivo de franquias e as produções cinematográficas – mesmo sendo parte de uma saga, como é o caso – se fechavam melhor em si mesmas, com textos mais redondos e sem pesar a mão no caráter episódico. Dessa forma, Lucas apostou em uma história com início, meio e fim, contando com a adição de novos personagens e investindo na expansão de sua mitologia nas telas. Mesmo assim, não dispensou o recurso do cliffhanger, garantindo ganchos suficientes para uma continuação.

O Império Contra-Ataca explora melhor o instigante conceito da Força e foca no treinamento de Luke Skywalker (Mark Hamill) como um cavaleiro Jedi. Destaca a capacidade de liderança da Princesa Leia Organa (Carrie Fisher) e sua animosidade com relação ao cafajeste boa praça Han Solo (Harrison Ford). A produção é bem sucedida no equilíbrio dos elementos dramáticos; o segundo tomo da épico sci-fi acerta na execução das cenas de ação, aventura, humor e até no desenvolvimento amoroso entre os personagens. Além de ser mais complexo e sombrio que seu antecessor.

O filme se situa três anos após os eventos apresentados no primeiro Guerra nas Estrelas, no qual o grupo de heróis conseguiu extinguir a Estrela da Morte. Obviamente que o Império Galáctico, liderado por Darth Vader (David Prowse), está em uma busca incansável pela Aliança Rebelde, responsável pela destruição de seu megalômano plano.

A ação tem início no planeta gelado de Hoth, para onde os rebeldes foram após evadirem de suas bases arrasadas pelo Império. No entanto, como este espalhou sondas espiãs pela galáxia a fim de identificar e capturar a Aliança Rebelde, não demora até as Tropas Imperiais encontrarem a nova base da resistência e esta é obrigada a evacuar novamente.

Como uma boa líder, Leia somente abandona a base após ter certeza que seu exército está em segurança e que todos conseguiram escapar quando da conclusão da Batalha de Hoth contra a frota imperial, portanto, é uma das últimas a deixar o planeta ao lado de Han Solo, Chewbacca (Peter Mayhew) e C3PO (Anthony Daniels) a bordo da Millennium Falcon. Luke Skywalker por sua vez, orientado pela visão e voz de Obi-Wan Kenobi (Alec Guinness), muda o curso de sua nave, a X-Wing 5, e parte com R2D2 (Kenny Baker) para Dagobah em busca do lendário Mestre Jedi Yoda (Frank Oz), responsável pelo treinamento do próprio Obi-Wan no passado.

O plano inicial de Han Solo, quando ainda estavam em Hoth, era partir o mais rápido possível após receber o pagamento por todo o auxílio que havia prestado à Aliança Rebelde e quitar suas dívidas com o gângster de aparência repulsiva Jabba the Hutt (Declan Mulhouland) . No entanto, ele acaba muito envolvido com os rebeldes e desenvolve sentimentos com relação à Princesa Leia, embora ambos procurem negar esse fato. Após a fuga de Hoth, fica praticamente impossível para o contrabandista seguir seu plano original. E resta a ele e a seu fiel escudeiro Chewie, permanecerem ao lado de Leia e do droide C-3PO.

Ainda em rota de fuga, procurando desviar das tropas imperiais e serem atingidos por Destroyers, Leia e Solo têm problemas com o hiperpropulsor da Millennium Falcon, não conseguindo atingir a velocidade da luz e acessar o hiperespaço. Procurando auxílio de Lando Calrissian (Billy Dee Williams), velho conhecido de Han, no sistema Bespin, acabam traídos por ele que entrega suas cabeças a Vader em troca de um acordo.

Pressentindo o perigo em que seus amigos se encontram, Luke abandona o treinamento com Yoda na metade, ainda tendo dificuldades em encontrar o equilíbrio e atingir todo o seu potencial como Jedi em ordem de salvar seus amigos.

Novamente o roteiro é bastante enxuto e explora boas e ideias, construindo um cenário ainda mais fascinante. A Jornada do Herói, elemento extraído por Lucas de O Herói de Mil Faces de Joseph Campbell para a composição da primeira sinopse de Star Wars, é muito bem trabalhada, corroborando a composição de Luke Skywalker. Enquanto C-3PO e Chewie desempenham bem a função de alívios cômicos da trama, a interação entre Han Solo e Leia é desenvolvida de modo a passar verossimilhança e fazer o público torcer genuinamente pelo casal, esquadrinhando o velho e infalível trope dos enemies to lovers.

Conceitos como lealdade, amizade, laços familiares continuam operando como fios condutores a orientar a fruição da narrativa, que ainda conta com um interessante e bem sacado conflito político e ideológico como plano de fundo. A direção de arte se supera nesta sequência, com cenários e batalhas ainda mais impressionantes visualmente. O Império Contra-Ataca é uma aventura turbinada, dinâmica e envolvente, que faz com que os espectadores queiram conhecer mais a respeito da exuberante arquitetura de seu universo e dos personagens que a ilustram e tão bem são delineados na tela.

Algumas das melhores cenas e passagens mais memoráveis de Star Wars estão presentes nesse filme. É o caso da sequência da Millennium Falcon em um campo de asteroides, por exemplo, que é de encher os olhos, sem falar dos marcantes diálogos, como o clássico “eu sei” dito por Han Solo após Leia confessar que o ama e logo antes de o anti-herói ser congelado em Carbonita e permanecer em estado  de hibernação. E, obviamente, não tem como não citar o clássico momento da revelação de que Darth Vader é Anakin Skywalker e, portanto, pai de Luke. Uma sequência incessantemente copiada, seja para fins de homenagem ou paródia, na cultura pop.

Hoje conhecido como Episódio V e que, curiosamente, recebeu críticas mistas na ocasião de seu lançamento, o longa trata-se de produto inteligente e sofisticado para um arrasa quarteirão, contando com a direção inspirada e engenhosa de Irvin Kershner e o texto bem arranjado de Lawrence Kasdan a partir do argumento original de Lucas, resultando em uma trama eficientemente arquitetada e que, não é à toa, ostenta o título, perante muitos fãs e críticos, de melhor filme da saga Star Wars, praticamente insuperável no quesito, além de figurar em diversas listas de melhores filmes da história da sétima arte.

Não é difícil ver admiradores e especialistas utilizarem de superlativos para se referirem ao longa. Majestoso, grandioso, absoluto… E nem dá para dizer que estão errados. Tendo faturado mais de meio milhão de dólares nos cinemas mundiais, o (perdão pelos superlativos) excelente e divertidíssimo O Império Contra-Ataca deixa aquele sabor de quero mais e prepara bem o terreno para a derradeira sequência, O Retorno de Jedi.

O longa está disponível no catálogo da Disney+.

Andrizy Bento

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