Druk – Mais Uma Rodada

Quem vai fazer como Hemingway e estourar os próprios miolos e quem vai (como Winston Churchil) ganhar uma guerra mundial?

A sede da quarta maior cervejaria do mundo, Carlsberg, fica localizada em Copenhague, capital dinamarquesa, e é uma das atrações turísticas da região, considerada uma verdadeira instituição do país. A Dinamarca também sedia o evento Mikkeller Beer Celebration Copenhagen (outrora conhecido como Copenhagen Beer Celebration), um dos festivais de cerveja mais cultuados ao redor do globo, organizado pela famosa microcervejaria Mikkeller desde 2012. O país nórdico tem uma história de amor antiga com a cerveja, que data de cinco mil anos, segundo pesquisadores – uma relação duradoura. A Dinamarca ainda integra o círculo dos produtores mundiais de grandes whiskies e abrigava a garrafa de vodka mais cara do mundo, em um bar em Copenhague, avaliada em US$ 1,3 milhão (até ser roubada e encontrada vazia em uma obra pública em 2018).  Mas esse é o lado romântico da tradição e cultura etílica do país.

De acordo com os dados divulgados nos últimos anos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e estudos recentes realizados por instituições independentes de pesquisas, por mais que o consumo de bebida alcóolica na Europa venha declinando de uns tempos para cá, o velho mundo continua a figurar como a região com o mais elevado consumo per capita mundial de álcool. A porcentagem vem em constante queda desde 2000, mas o índice de consumo ainda é preocupante. No relatório publicado no periódico médico The Lancet, em 2018, a Dinamarca foi apontada como o país com mais pessoas que bebem no mundo (sendo 95,3% das mulheres e 97,1% dos homens), corroborando as informações fornecidas pela OMS naquele mesmo ano. No ranking da independente Global Drug Survey, divulgado em janeiro de 2021, o país escandinavo aparece em uma posição avantajada dentre os maiores consumidores de álcool, ocupando a quarta posição.

A paixão por bebidas fermentadas e destiladas, bem como as consequências do seu excesso, é o mote de Druk – Mais Uma Rodada, longa assinado pelo cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg e vencedor do Oscar deste ano de Melhor Filme Internacional. A trama, um híbrido de drama e comédia, aborda os benefícios e malefícios do consumo de bebida alcóolica em um conto de cunho intimista, mas que aspira a transmissão de uma mensagem universal; sem assumir o tom de apologia, mas passando distante do caráter denunciativo; combinando, em uma mesma esfera, personagens que atravessam a famigerada crise da meia-idade com adolescentes sofrendo as típicas inquietações da juventude. É apoiando-se em uma estrutura de visíveis contrastes que Druk, curiosa e coincidentemente, alcança a proeza de ser um oito ou oitenta, repleto de méritos estéticos e narrativos, mas munido de decisões questionáveis e problemáticas. Continuar lendo Druk – Mais Uma Rodada