“O que é lembrado, vive”.
É de conhecimento comum que há um mito em torno da saudade, isto é, da palavra saudade que apregoa que esta só existe no idioma português, muito embora se trate de um sentimento universal. Fato é que a palavra “saudade” existe sim em algumas outras línguas românicas, porém, o seu sentido está mais próximo da “nostalgia de casa” do que do nosso significado em português, que é muito mais abrangente. Existem vocábulos equivalentes em outros idiomas, mas que não exatamente correspondem ao sentimento luso-brasileiro, por se tratar, sobretudo, de uma característica cultural, que conferiu a devida amplidão e magnitude à palavra saudade.
Algumas expressões estrangeiras funcionam de maneira análoga, porém, se tratam de traduções inexatas, termos que até se aproximam da nossa saudade, mas que não expressam tão bem o nosso conceito… É uma pena, pois saudade é uma palavra forte, intensa e delicada, que alcança o perfeito equilíbrio entre o doce e o amargo, entre a dor e o prazer, entre a tristeza e a alegria. Nostalgia é de uma melancolia brutal e dolorosa. A saudade até dói, mas é aquela dor bem vinda, que a gente recebe de braços abertos, com um sorriso no rosto e um suspiro entrecortado que tanto fere quanto alivia o peito. Pode até não existir equivalente à palavra em outro idioma (ou, pelo menos, um equivalente que lhe faça justiça), mas Nomadland da diretora sino-americana já altamente nesta award season, Chloé Zhao, traduz perfeitamente o seu significado. Continuar lendo Nomadland