Data de lançamento: 25 de Julho de 1980
Duração: 41:58
Faixas: 10 faixas
Estilo: Hard Rock
Lado A:
Hells Bells
Shoot to Thrill
What Do You De for Money Honey
Givin’ the Dog a Bone
Let Me Put My Love Into You
Lado B:
Back in Black
You Shook Me All Night Long
Have a Drink On Me
Shake a Leg
Rock and Roll Ain’t Noise Pollution
Produção: Robert John Lange
Gravadora: Atlantic Records
Essa é a obra-prima do grupo de hard rock australiano ACϟDC. Back in Black completa 40 anos e o disco ganha o direito de celebrar a sua boda de esmeralda por aqui.
O mais curioso é que a inspiração para esse disco é uma tragédia envolvendo o próprio ACϟDC. No dia 19 de fevereiro de 1980, o primeiro vocalista da banda, Bon Scott morreu aos 33 anos de idade, vítima de intoxicação alcoólica aguda ao dormir de mau jeito no banco de trás de um carro. Na noite anterior, o músico havia bebido demais com os amigos em Londres. O seu grupo havia encerrado a turnê do sexto disco, Highway To Hell (1979), considerado o melhor álbum da era Bon Scott.
A morte de Bon Scott abalou profundamente os demais integrantes, Phil Rudd (bateria), Cliff Williams (baixo) e os irmãos Malcolm (guitarra-base) e Angus Young (guitarra-solo). Porém, eles decidiram continuar em atividade. Para começar, a banda encontrou 15 composições inéditas de Bon Scott, mas decidiram não utilizá-las, acreditando que ninguém tinha a capacidade de interpretá-las. O próximo passo era o estímulo para seguirem. Um admirador americano enviou uma carta, sugerindo que testassem o inglês Brian Johnson, vocalista da banda inglesa Geordie, que tinha acabado de encerrar as atividades. Malcolm Young lembrou de ter assistido a uma apresentação do Geordie junto de Bon Scott e o último havia feito elogios rasgados a Brian.
O teste foi feito e Brian conseguiu cantar todas as canções do ACϟDC. Ele também se uniu aos irmãos Malcolm e Angus na autoria das canções. A entrada de Brian Johnson deu início a formação clássica do grupo australiano. Entre abril e maio de 1980, o quinteto concebeu o seu sétimo disco no estúdio Compass Point, em Nassau, capital das Bahamas e com a produção de Robert John Lange. O tema das canções é um tributo a Bon Scott, tanto que a capa e a contracapa contém um fundo preto. Back in Black chegou ao mercado durante a realização dos Jogos Olímpicos de Verão em Moscou, capital da antiga União Soviética.
A faixa que abre o disco é Hells Bells, que é uma referência ao álbum anterior Highway To Hell. Ela começa com as badaladas de um sino. Nos shows, um sino de meia tonelada desce do palco e é recebido com marretadas por Brian Johnson. Nos últimos anos, o vocalista se pendura na corda dele. A segunda faixa é Shoot to Thrill, outro êxito do disco. Em 2010 o grupo cedeu boa parte das suas canções para a trilha sonora do filme Homem de Ferro 2. Shoot To Thrill ganhou um videoclipe mais sofisticado do que 30 anos antes. Possui cenas do citado filme, junto de uma apresentação que o ACϟDC fez em 2009, no Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, capital da Argentina. A banda transformaria esse show no DVD e disco ao vivo Live At River Plate (2012).
Para divulgar o disco, a banda gravou videoclipes das faixas em um só cenário, com a estrutura de show montada no palco de um teatro. A foto do papel de parede desse artigo foi registrada durante a gravação deles. Isso em uma época em que não existia tamanha preocupação para se gravar um videoclipe, até o nascimento da MTV em 1981. As canções What Do You Do For Money Honey, Givin’ the Dog a Bone e Let Me Put My Love Into You finalizam o lado A de Back in Black.
O lado B abre com a canção que dá título ao disco. Ela se tornou o maior sucesso do ACϟDC na era Brian Johnson. No século XXI, ela foi escalada para a trilha sonora de filmes como Escola de Rock (2003), Homem de Ferro (2008) e os reboots de Karatê Kid (2010) e Desejo de Matar (2018). A segunda faixa do lado B é You Shook Me All Night Long, que mais tarde ganharia um videoclipe mais digno, embora tenha demorado menos (seis anos) do que Shoot To Thrill. Em 1986, o ACϟDC lançou a compilação Who Made Who, que compõe a trilha sonora do filme Comboio do Terror, único filme dirigido pelo escritor Stephen King. You Shook Me All Night Long e Hells Bells fizeram parte de Who Made Who. Outro filme que contou com a popular faixa na trilha sonora foi Coração de Cavaleiro (2001), protagonizado pelo saudoso Heath Ledger.
A terceira faixa do lado B é Have a Drink On Me, uma ode para quem gosta de beber. A penúltima faixa, Shake a Leg, se destaca por ser mais rápida do que as outras. O disco fecha com a canção Rock and Roll Ain’t Noise Pollution, que é um recado para os anti-rock, de que o gênero não é uma poluição sonora.
You Shook Me All Night Long para o filme Comboio do Terror:
Back in Black vendeu cerca de 22 milhões de cópias só nos Estados Unidos. No mundo inteiro, ele vendeu 51 milhões, se tornando o disco de rock mais vendido de todos os tempos. No quesito música em geral, Back in Black só perde para as 70 milhões de cópias do icônico Thriller (1982) de Michael Jackson. A turnê mundial de Back in Black foi um enorme sucesso, com o público aprovando Brian Johnson na banda.
Shoot To Thrill para o filme Homem de Ferro 2:
Em mais uma homenagem a Bon Scott, o ACϟDC lançou nos cinemas o documentário Let There Be Rock: The Movie, em setembro de 1980. Como parte da turnê do disco Highway To Hell, a apresentação do filme foi feita em 9 de dezembro de 1979 no Pavillon de Paris, capital da França. O disco ao vivo da película só saiu em 1997, dentro da caixa Bonfire.
Depois de Back in Black, o ACϟDC lançou For Those About To Rock (1981), o único disco que colocou o grupo no topo da parada americana. Em 1983, a formação clássica se desfez com a saída do baterista Phil Rudd, que foi substituído pelo inglês Simon Wright. Foi com esse baterista que o ACϟDC veio ao Brasil pela primeira vez, quando tocou no festival Rock in Rio, em 1985. Foi também com o Simon Wright que a banda gravou o videoclipe de You Shook Me All Night Long para o supramencionado filme Comboio do Terror. Em 1990, Simon Wright trocou o ACϟDC pela banda Dio e sua vaga foi ocupada por Chris Slade.
Em 1994, o baterista original, Phil Rudd, regressou à banda e lançou com ela o Ballbreaker (1995), cuja turnê os trouxe de volta ao Brasil, onze anos depois do Rock in Rio. A formação clássica do grupo gravou mais três discos Stiff Upper Lip (2000), Black Ice (2008) e Rock or Bust (2014). Perto do último ser lançado, a formação mais querida do ACϟDC voltou a se desfazer. Primeiro com Malcolm Young, que teve sérios problemas de saúde, sendo diagnosticado com demência, obrigando-o a se aposentar da música. Nos shows, a sua vaga foi preenchida por seu sobrinho, Steve Young. Outra ausência foi do baterista Phil Rudd, que teve sérios problemas judiciais e teve de ser substituído por Chris Slade. Durante a turnê de Rock or Bust, o vocalista Brian Johnson teve problemas auditivos e saiu da banda. O ACϟDC concluiu a turnê com Axl Rose (!) em seu lugar.
Em 2017, o vocalista usou um moderno aparelho auditivo, que possibilitou seu retorno aos palcos para cantar. O teste foi durante um show da banda Muse no festival de Reading, na Inglaterra. Mas nem tudo era felicidade dentro do ACϟDC. No mesmo ano, a saúde de Malcolm piorou e ele foi diagnosticado com a doença de Alzheimer. No dia 18 de novembro, Malcolm morreu aos 64 anos. Seu falecimento ocorreu um mês depois da morte de seu irmão, George Young, que foi guitarrista do The Easybeats e produziu os quatro primeiros discos do ACϟDC nos anos 1970. Apesar da perda de Malcolm, a trajetória do ACϟDC não acabou. Steve substituiu o tio oficialmente e o grupo está pronto para entrar em estúdio junto de Brian e o baterista Phil Rudd. Só está esperando mesmo acabarem estes sombrios tempos de pandemia…
Windson Alves