Provavelmente, essa é a última vez que relacionamos as séries favoritas do ano aqui no site. A explicação é bem simples. Somos muito relapsos quando se trata de séries de TV. Selecionamos algumas para assistir durante o ano, mas é inviável acompanhar todo o catálogo de lançamentos anual, uma vez que há centenas de emissoras e serviços de streaming surgindo a cada minuto e milhares de novos shows que estreiam ano após ano. Eu costumo me concentrar em assistir minhas séries favoritas, que já acompanho há algum tempo, além algumas novidades que me interessam, que estão inseridas dentro dos gêneros de show que aprecio. Desse modo, muita coisa boa fica para trás, ou para o ano seguinte, ou para nunca mais. E muitos ótimos shows acabam não sendo contemplados por aqui (tais como os cultuados e premiados Barry e Fleabag). Portanto, não há muito fundamento em fazer uma lista de melhores séries do ano quando pouca coisa foi assistida.
De qualquer forma, pela última vez, aí vai a nossa lista de favoritas do ano no quesito séries de televisão:
Melhores Séries:
GOOD OMENS
Amazon Prime Video, BBC Two
Good Omens não apenas é uma excelente adaptação do material que a originou, como a melhor série de 2019. Baseada no romance homônimo, escrito por Neil Gaiman e pelo saudoso Terry Pratchett, essa história envolvendo anjos, demônios, bruxa, cavaleiros do apocalipse, freiras, anticristo e enigmáticos vendedores de livros, finalmente ganhou a telinha em uma co-produção entre a BBC Studios e a Amazon. A série apresenta o anjo Aziraphale (Michael Sheen) e o demônio Crowley (David Tennant) que, desde os primórdios da humanidade, parecem fadados a se encontrar em todos os eventos de grande repercussão da história da Terra. Na atualidade, além de tentar evitar a vinda do anticristo para a Terra, eles unem forças para impedir a batalha decisiva entre o Céu e o Inferno. O próprio Neil Gaiman atuou como showrunner da série, o que se mostrou uma decisão pra lá de acertada. A produção é fiel à essência da obra literária, mas eficiente ao transpor o texto para um formato totalmente distinto do original – é bom salientar que, durante anos, o livro foi considerado inadaptável para mídias audiovisuais. A série não somente se ampara no carisma e na ótima química de seus protagonistas, Sheen e Tennant – dois acertos de casting – como manteve o brilhantismo do texto e o humor inteligente e afiado que consagrou a obra de Gaiman e Pratchett. Para além das comparações com o material de origem, a série é bem resolvida tanto em termos narrativos quanto estéticos e, a cada novo desfecho de episódio, faz o espectador salivar pelo posterior. A série representa de maneira bem humorada passagens bíblicas e históricas e ainda sobra espaço para destilar ironia, para metáforas políticas e corporativistas e discussões bem razoáveis acerca dos paradigmas da religião cristã e da própria humanidade. Nem o anjo é sempre um exemplo de boa conduta e nem o demônio é tão mal como a gente imagina. Um prato cheio para os fiéis seguidores das mentes brilhantes por trás do livro e para a duplinha de atores que protagoniza essa insana aventura.
BONECA RUSSA
Netflix
O maior trunfo de Boneca Russa, produção da Netflix, é a protagonista defendida pela ótima Natasha Lyonne. Mas não é o único. A tragicomédia acompanha Nadia (Lyonne) que morre acidentalmente no dia do seu aniversário de 36 anos. Surpreendentemente, ela revive, retornando a um determinado ponto do dia em que morreu – mais propriamente dizendo, algumas horas antes, quando estava no banheiro da festa em comemoração ao seu aniversário. Nadia morre outras vezes de maneiras tolas, sempre retornando àquele momento da festa, presa em um looping incompreensível que ela se esforça para tentar entender e do qual quer desesperadamente escapar. Enquanto morre e revive exatamente na mesma noite, Nadia percebe que a cada novo loop, pessoas e objetos começam a desaparecer das cenas de sua vida que são reprisadas à exaustão. Então, surge uma revelação: Nadia não está sozinha. O mesmo vem acontecendo com outra pessoa. E é essa outra pessoa parece ser a chave desse ciclo interminável de morte e ressurreição. Ao descobrir o fundamento dessas absurdas viagens no tempo, Nadia, enfim, consegue quebrar o looping e escapar da loucura que se tornou sua vida.
QUICKSAND
Netflix
Quicksand, produção de de origem sueca da Netflix, traça um cenário instigante acerca de um massacre ocorrido em uma escola de ensino médio situada em Estocolmo, mesclando elementos do gênero policial com drama teenager. O que faz de Quicksand uma das melhores produções do ano é o cuidado na abordagem. O roteiro jamais incorre no erro de apontar culpados, mas não se exime de identificar possíveis fatores responsáveis que culminaram na tragédia. Felizmente, o faz de modo palpável. Não joga a culpa sobre videogames e filmes violentos, mas mostra como um ambiente em que abusos físicos e psicológicos são rotineiros, pode influenciar e desencadear um comportamento agressivo. Tudo aponta para uma tragédia anunciada. A série começa muito bem, já mostrando os minutos que sucedem o massacre, sem entregar exatamente como foi sua execução. Ouvimos os tiros e vemos uma garota coberta de sangue dos seus colegas. Sabemos que há corpos ao seu redor, mas a câmera não os focaliza. Isso é tudo. Temos uma cena pintada com tintas foscas. Uma passagem vaga que não nos revela muita coisa. Os próximos episódios, por sua vez, vão apresentando o desenrolar dos fatos, esmiuçando os antecedentes do massacre até o crime propriamente dito. A série versa sobre relacionamentos autodestrutivos, consumo de drogas desenfreado, depressão e abandono familiar sob uma ótica sensível a despeito da violência crua que é representada na tela. Contundente, mas permeada por uma sutileza impressionante, Quicksand é um dos marcos em séries de 2019.
Melhor Série Nacional
BANDIDOS NA TV
Netflix
A docussérie brasileira que se propõe a investigar o caso Wallace Souza é outra das pérolas da Netflix em 2019. Wallace Souza apresentava o popular programa Canal Livre, na TV Rio Negro, em Manaus. Como a maior parte dos programas de cunho policial da época – a saber: meados dos anos 1990 – o Canal Livre trazia reportagens sensacionalistas sobre tráfico de drogas, assassinatos, sequestros e outros crimes. O programa até mesmo expunha corpos mutilados e ceifados na TV. A grande reviravolta na vida de Wallace se dá quando passam a surgir denúncias de que o apresentador era o mandante dos crimes que apresentava em primeira mão em seu show. Os realizadores do documentário foram cuidadosos ao não tomar parte nessa história, deixando os espectadores tão curiosos pelo desenrolar, quanto com um ponto de interrogação ao finalizar a série. É bastante óbvio que houve perseguição política no caso, uma vez que Wallace também cumpriu mandato como deputado estadual, tendo sido eleito com um número impressionante de votos em seu estado. Mas, ao mesmo tempo que a produção não o aponta como culpado, também não o pinta como inocente, fazendo um excelente trabalho jornalístico, apostando na imparcialidade, mostrando fatos e apresentando depoimentos riquíssimos. Não há uma resposta. O espectador tira suas próprias conclusões, pois há muitos tons de cinza nessa trama que a tornam nebulosa. De qualquer forma, não tem como não manter os olhos pregados na tela. A vontade de descobrir mais a mais a respeito do caso mantém o espectador cativo do primeiro ao último minuto.
Melhor Retorno:
DARK
Netflix
A segunda temporada de uma das séries mais misteriosas de todos os tempos consegue dar um nó ainda maior na nossa cabeça; é capaz de nos deixar estupefatos e de queixo caído diante de várias reviravoltas, mas também consegue, sim, dar um sentido, ainda que complexo, à toda viagem maluca que estamos experienciando desde a primeira temporada. Em Dark, primeira produção original alemã da plataforma de streaming Netflix, o destino de todos os habitantes da cidade de Winden, na Alemanha, estão interligados. Diferentes linhas temporais se chocam. E o questionamento mais básico que martela na mente de qualquer indivíduo desde o momento em que passamos a ter algum discernimento (quem veio primeiro? o ovo ou a galinha?) é a grande questão a ser respondida em Dark. A série mantém a atmosfera densa e sombria com a qual nos familiarizamos em seu primeiro ano. Mas há um aprofundamento na origem dos personagens, bem como no desenvolvimento e na natureza de suas relações – a maioria delas, chocante. É, sem dúvida, impressionante como o roteiro consegue trabalhar com uma galeria tão numerosa de personagens, dando ênfase a cada um em diferentes momentos e jamais diminuindo a importância de algum deles. A série se propõe a cavar as profundezas e as entranhas de Winden e a investigar os laços que unem seus habitantes. Não dá para dizer muito mais sobre ela sob o risco de revelar aspectos importantes e cruciais da história e que só podem ser apreciados por aqueles que realmente param para assisti-la É impossível largar a partir do momento que você vê o primeiro episódio. Só nos deixa mais e mais curiosos e instigados, a procura de respostas que nem sempre são satisfatórias… Mas, de qualquer forma, vale cada segundo de uma maratona. E atenção para os detalhes. Cada um deles pode ser vital, portanto, não tire os olhos da estrada.
Série Promissora:
HIS DARK MATERIALS
HBO, BBC One
Após o filme A Bússola de Ouro, lançado em 2007, dirigido pelo regular Chris Weitz e protagonizado por Nicole Kidman, os fãs de Fronteiras do Universo, aguardavam ansiosamente pelo dia em que a obra literária de Phillip Pullman enfim ganharia uma adaptação para as telas que lhe fizesse justiça. O anúncio de uma co-produção entre HBO e BBC para a TV, obviamente empolgou os mais afoitos. Ambas as empresas são conhecidas pela qualidade de suas produções. Então His Dark Materials é tudo o que os fãs dos livros esperavam? Bem, sim e não. Visualmente requintada, bem elencada e com uma premissa atraente, His Dark Materials tropeça um pouco no ritmo da narrativa. A intenção é apresentar sua mitologia sem pressa, de modo a tornar os elementos que a compõem familiar para os espectadores. Mas, em diversos momentos, o roteiro não se aprofunda nos conceitos da história original – um exemplo é não grifar como deveria o quão fundamental são os daemons (as personificações físicas em forma de animais das almas de seus donos). A obra de Pullman não se trata apenas de uma saga fantástica, como também era altamente conhecida por suas críticas políticas e religiosas que tornaram os livros alvos de controvérsia. Outra vez, o texto não aborda com tanta profundidade essas questões – talvez seja um excesso de cuidado que HBO e BBC querem tomar, por se tratarem de temas espinhosos. Espera-se que isso seja melhor desenvolvido em uma segunda temporada, pois é o grande charme da obra original – suscitar reflexões, questionamentos, despertar o senso crítico de quem lê. O elenco é um achado: James McAvoy, Ruth Wilson, Lin-Manuel Miranda e a protagonista, intérprete de Lyra, Dafne Keen entregam atuações consistentes que fazem jus às suas contrapartes literárias. A série é promissora, pois haverá chances de explorar com mais afinco e menos temor o universo da série em uma próxima temporada. E a deslumbrante season finale é um atestado disso – mostrando-se disposta a correr riscos e até mesmo apostar em um tom mais sombrio.
Gratas Surpresas:
LOVE, DEATH AND ROBOTS
Netflix
Chegou a ser definido por alguns como um Black Mirror em animação. De fato, até a entrada da série lembra muito a da famosa antologia. Deveria ter seguido outro exemplo de Black Mirror: um número de episódios reduzidos, com roteiros mais profundos e mais bem desenvolvidos. Como quase toda antologia, Love, Death and Robots tem alguns episódios melhores do que outros. De qualquer forma, cumpre aquilo a que se propõe. E com louvor. A antologia em animação da Netflix, que além de beber da fonte de Black Mirror também guarda ecos da revista em quadrinhos Heavy Metal, alerta sobre os perigos do envolvimento inconsequente da humanidade com a tecnologia avançada, discorrendo sobre temas como abuso sexual, guerra, totalitarismo, resistência ao sistema, repressão… Tudo isso com doses generosas de violência, nudez, mutilação e sangue. A série é um primor quando se trata de impacto visual. Assim como, em termos de roteiro (a série investe em diferentes abordagens narrativas a cada novo episódio) também não se atém a um determinado estilo de animação, com cada capítulo nos proporcionando uma diferente proposta gráfica. Aterradora e visualmente deslumbrante.
UMBRELLA ACADEMY
Netflix
Baseada nas histórias em quadrinhos lançadas pela editora americana Dark Horse Comics, criadas por Gerard Way – roteirista e ex-vocalista da banda My Chemical Romance – e ilustradas pelo brasileiro Gabriel Bá, a série Umbrella Academy é centrada em uma família de jovens adultos superpoderosos, um tema que está em alta ultimamente e, por ora, não apresenta sinais de exaustão. A premissa bastante comum pode não soar atrativa a princípio, afinal, é provável que inúmeros títulos venham à mente quando se fala em uma trama centrada em uma família de super-heróis. Mas, por incrível que pareça, embora apresente uma introdução um tanto quanto forçada e um piloto até mesmo caricato, no decorrer dos episódios e ao avançar a narrativa, Umbrella Academy foge com sabedoria dos clichês do gênero, proporcionando um agradável entretenimento para os espectadores. Força a barra aqui e ali, no entanto, devido à ausência de fillers e graças ao carisma de sobra e o background instigante de todos os personagens, é impossível parar de acompanhar ou não se divertir. Se você procura por um entretenimento descompromissado e escapista, Umbrella Academy é uma ótima pedida. Perfeita para se maratonar em um fim de semana.
Melhor Episódio:
AGENTS OF SHIELD – Inescapable
ABC
Eu amo Agents of SHIELD e vou protegê-la. Eu já falei muito sobre a produção da Marvel Studios, em parceria com a Mutant Enemy Productions, e exibida pela emissora norte-americana ABC desde 2013. Infelizmente, ela não recebe o prestígio e carinho devidos, nem mesmo da própria divisão televisiva da Marvel. Ainda assim, graças aos esforços da pequena, mas ativa e bastante vocal fanbase, ela sobreviveu a sete temporadas, sendo a produção mais longeva da Marvel TV. De qualquer forma, a série entregou o meu episódio favorito de 2019. Há anos os fãs de dois dos melhores personagens da série, FitzSimmons, clamam por um episódio centrado neles. Finalmente, após seis longos anos de espera, tivemos nossa recompensa. E que recompensa! Inescapable, o episódio 6 da sexta temporada é um presente para todos aqueles que amam a dupla/casal Leopold Fitz e Jemma Simmons. Esses dois já sofreram todas as agruras possíveis e impossíveis, sendo constantemente separados pelo universo (como diria Fitz, amaldiçoados). Eles já lutaram contra o espaço, tempo, realidades alternativas e até mesmo a morte para ficarem juntos! E nada disso os fez desistir. Felizmente, FitzSimmons ganharam intérpretes que além de exibirem uma ótima química na tela, entregam performances irrepreensíveis desde a temporada inaugural, protagonizando uma das cenas mais tocantes de uma season finale. Elizabeth Henstridge já havia provado seu talento no aclamado 4.722 Hours, episódio 8 da 3ª temporada de AoS, exibido em 2015, e no qual atua praticamente sozinha durante boa parte do tempo. Já Iain De Caestecker protagonizou dois dos melhores episódios da produção até aqui: Rewind, 5º episódio da 5ª temporada, e The Devil Complex, episódio 14 também da season 5, ambos de 2018. Após ganharem episódios centrados em seus personagens individualmente, no entanto, faltava um capítulo que se concentrasse nos dois fan-favorites e explorasse sua relação como casal, amigos, colegas e amantes. E ainda lhes desse a oportunidade de finalmente encararem e enfrentarem seus próprios demônios internos. O resultado é Inescapable. 45 minutos da melhor DR já representada na telinha. O episódio nos presenteia com um trama que não se reduz a fanservices, explora com eficiência toda a mitologia que cerca a adorável duplinha de nerds, colocando ambos para interpretar Jemma Simmons e Leopold Fitz em diferentes momentos de suas vidas e carreiras e ainda confrontando suas versões sombrias, que nada mais são do que a representação física de seus próprios medos. E mais uma vez, De Caestecker e Henstridge defendem seus papéis magistralmente. A série termina no próximo ano, com a sétima e decisiva temporada. E esses dois, sem dúvida, vão fazer falta.
Série mais superestimada:
WATCHMEN
HBO
É interessante como a série da HBO explora o legado e a mitologia de Watchmen. Entretanto, o grande problema da série é ser pretensiosa e modorrenta. A trama de Watchmen da HBO sucede os eventos da graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons (considerada uma das melhores obras do gênero e verdadeiro objeto de culto ao redor do globo), situando-se 34 anos após os acontecimentos da brilhante obra original. A produção explora todo o universo de corrupção e atrocidades apresentado nas páginas de Moore e Gibbons, mas dá um foco mais atual para a trama, com a inserção de novos personagens que não faziam parte da graphic novel original e outros já velhos conhecidos dos fãs. A proposta da série era tocar em feridas, abordando temas como racismo, supremacia branca, truculência e agressividade policial, investindo em violência gráfica, longos e afiados diálogos, linguagem de baixo calão e trazendo justiceiros mascarados para o centro do palco. As discussões eram pertinentes. Há várias cenas interessantes – os porcos no julgamento de Ozymandias já compreende uma das melhores cenas do ano! – e toda a representação do grupo racista Sétima Kavalaria, que tem Rorschach como símbolo e herói máximo, é muito interessante e bem fundamentada. No entanto, são coisas pontuais que despertam interesse na série. O conjunto da obra falhou em me conquistar. Além de pretensiosa, o fato de recorrer ao exaustivo recurso do flashback, com reiterações excessivas e uma narrativa deveras expositiva – que vê a necessidade em explicar absolutamente tudo – torna a narrativa por demais didática e, consequentemente, tediosa. A minha opinião sobre ela, todavia, difere da maioria dos críticos e espectadores que parecem ter gostado muito da produção. Uma pena que ela não conseguiu me cativar como a obra original de Moore.
Série Mais Decepcionante:
GAME OF THRONES
HBO
Outra produção da HBO aqui. Dessa vez, uma de suas estrelas de maior grandeza. E que se apagou de maneira melancólica e decepcionante. Ao invés de proporcionar aos espectadores as devidas resoluções de conflitos e encerramentos de arcos narrativos, o desfecho deixou ainda mais pontas soltas e perguntas sem respostas – resultado sistêmico de toda uma temporada deficiente. Aliás, convém salientar que, desde a quinta, a qualidade da produção vinha caindo drasticamente. Game of Thrones foi um exemplo e, infelizmente, não o único de uma trama que acumulou muitas questões a serem resolvidas somente na series finale e, óbvio, não conseguiu contemplar todas elas. A última temporada trai toda a mitologia da saga tão cuidadosamente arquitetada até ali, joga para escanteio a construção e o desenvolvimento de personagens, traz diálogos que contradizem o cânone e a essência da trama. Sim, Game of Thrones sempre trabalhou com reviravoltas, traições, choque, morte de personagens importantes. O problema não são estes mecanismos – que, aliás, movimentaram a trama desde seu primeiro episódio e com os quais estávamos plenamente habituados, convém dizer. O problema é como eles foram utilizados, escancarando a falta de planejamento de produtores e roteiristas. Esses artifícios foram despejados na tela de maneira simplesmente desleixada. Oito anos após o primeiro suspiro de Westeros na telinha, finalmente chegamos ao final da saga – uma finale melancólica, insuficiente e decepcionante.
Andrizy Bento
Colaborou: Kaio Dantas