Conheci o Batman em um desenho animado bem antigo que passava no programa da apresentadora Mariane (uma pseudo-Xuxa) na CNT/Gazeta. Por volta dessa época, o SBT transmitia o clássico camp e multicolorido seriado de 1966, Batman, também conhecido por estas bandas como Batman e Robin. Eu sentava no sofá ao lado de minha irmã e de meu saudoso pai e me divertia assistindo àquela que era considerada uma paródia autorizada do personagem.
O tempo foi passando e eu fui conhecendo outras versões do Homem-Morcego. Quanto mais crescia, mais me apaixonava pelo personagem. Todo o teor sombrio de suas histórias (contrastante com aspecto cômico do seriado que me apresentou sua primeira faceta em live-action), seu psicológico atormentado, sua infância trágica e a vida dupla que levava (playboy excêntrico durante o dia, herói e justiceiro à noite) me fascinavam e eu me via mergulhando cada vez mais na caótica e decadente Gotham City – a cidade natal de Batman, que sempre exerceu em mim uma curiosa atração, bem como seus ilustres e peculiares moradores.
Como hoje é 21 de setembro e nesta data é celebrado o Dia do Batman, decidimos prestar nossa homenagem ao herói que completou nada menos do que 80 anos em 2019.
Criado pelo quadrinista norte-americano, Bob Kane, o personagem fez seu debut nos quadrinhos em abril de 1939, na edição de número 27 da revista Detective Comics. O escritor estadunidense Bill Finger também teve grande importância na composição do herói, lhe sendo atribuído o título de co-criador. Apesar de Finger ser assim reconhecido (ainda que tardiamente e não tão valorizado quanto deveria), Kane apresentou sozinho o personagem aos seus editores.
A cultura dos vampiros, Zorro e um desenho de Leonardo Da Vinci intitulado Ali Volanti estão entre as principais inspirações para a criação do icônico personagem. Outra das influências de Kane é um filme de 1926, chamado The Bat. O Batman surgiu um ano após o Superman e, de certo modo, representava um contraponto ao Azulão que possuía um uniforme colorido (com as cores da bandeira americana) e superpoderes. O Homem-Morcego era sombrio, não tinha habilidades especiais e seu uniforme era quase todo em tons escuros.
Ao contrário de seu rival da mesma editora, a DC Comics, Batman não pode ser classificado como super-herói, exatamente por ser destituído de superpoderes. A princípio, aliás, o personagem foi criado para ser um detetive e não um super-herói clássico. Além disso, em seus primeiros anos, ele usava armas de fogo, algo que contrasta tanto com os conceitos do personagem como o conhecemos hoje, como com os padrões e ideologias das histórias em quadrinhos de heróis das últimas décadas, voltadas majoritariamente ao público infanto-juvenil. Depois que passou a ser visto como herói e não mais como detetive, ele não só dispensou as armas de fogo, como mostrou aversão a elas devido ao seu grande trauma de infância – um verdadeiro rito de passagem em sua vida.
Após presenciar, ainda pequeno, o brutal assassinato de seus pais na saída de um teatro, Bruce Wayne passou a ser criado por seu mordomo e tutor Alfred Pennyworth. Tornou-se um adulto melancólico, frio e soturno, com uma sede implacável de justiça. Um herói forjado no estigma do morcego (o animal que o aterrorizava na infância) que atua como vigilante nas noites e madrugadas da tortuosa Gotham. Bruce é o homem por trás do manto do morcego. Um milionário egocêntrico e esbanjador durante o dia e um justiceiro mascarado da fictícia Gotham City durante a noite, dedicado a combater o crime que assola sua cidade natal. É habilidoso em todas as formas de combate físico e considerado um dos maiores detetives do mundo.
Nas primeiras histórias, durante a década de 1940 – na chamada Era de Ouro dos quadrinhos, que compreende o período entre 1938 e meados dos anos 1950 – o ano de nascimento de Bruce era 1916. E quem assumia a tutela do herdeiro da fortuna dos Wayne, após este ter a infelicidade de ficar órfão aos oito anos de idade, era seu tio, Philip Wayne.
Um fato curioso e controverso, que desperta suspeita acerca da autoria de Batman, é que um sujeito chamado Frank D. Foster II havia criado, sete anos antes de Kane, um personagem com traços idênticos e que levava o mesmo nome (!).
Outra curiosidade é que as alusões e suspeitas acerca da homossexualidade do personagem surgiram após a publicação do livro A Sedução dos Inocentes, de autoria do psiquiatra Fredric Wertham, no qual ele questionava a masculinidade de Batman e falava de insinuações em histórias em quadrinhos de um modo geral. Depois disso, editores e roteiristas se apressaram em acabar com as suspeitas, fazendo de Bruce Wayne um garanhão que vivia saindo com lindas mulheres em seu tempo livre, isto é, quando não estava combatendo o crime em Gotham.
Enfim…
Da década de 1940 para cá, o personagem ganhou a telinha da TV em diversas animações e seriados em live-action; as telas do cinema em filmes bem-sucedidos e ovacionados, além de alguns fracassos artísticos e comerciais; jogos de videogame; e linhas inteiras de produtos licenciados que vão de roupas a material escolar, sem falar nas action figures caríssimas.
O Cavaleiro das Trevas e outras grandes histórias
Em 1986, Frank Miller lançou a minissérie Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns) que o elevou ao status de “autor” e revolucionou o panorama das histórias em quadrinhos ao lado de obras como Watchmen de Alan Moore, lançada no mesmo ano, inaugurando uma nova e respeitada era para a nona arte. Considerada a melhor história de Batman de todos os tempos, O Cavaleiro das Trevas apresenta uma trama mais madura, adulta e com enredo rebuscado, o que colaborou para que histórias em quadrinhos fossem vistas com mais seriedade no mercado literário. A narrativa se situa em um futuro alternativo ao do universo da DC Comics.
Frank Miller foi responsável também por outra obra-prima das HQs, Batman – Ano 1, de 1987. Com ilustrações de David Mazzucchelli, o arco de histórias se desenrolou entre as edições 404 e 407 da revista Batman.
O arco Batman – Morte em Família, de Jim Starlin (o criador de Thanos) e Jim Aparo, publicado entre as edições 426 e 429 em 1988, teve seu final escolhido pelos leitores através de uma votação realizada pela DC Comics que decidiria o destino do segundo Robin, Jason Todd. A maioria votou para que Robin morresse em uma explosão pela qual o Coringa foi responsável.
Ainda naquele ano, outra trama clássica foi publicada. Protagonizada pelo maior inimigo do Cavaleiro das Trevas, o Coringa, A Piada Mortal é de autoria de Alan Moore e ilustrada por Brian Bolland. A HQ narra uma possível origem do icônico vilão. Um dos títulos históricos da carreira do Morcego nos quadrinhos.
No ano seguinte, em 1989, a graphic novel Asilo Arkham, de Grant Morrison e Dave McKean, foi lançada nos Estados Unidos, chegando ao Brasil um ano depois, e se tornando uma das mais famosas e consagradas histórias do personagem.
Outros títulos que merecem menção: Batman: O Messias, de 1988, novamente com roteiro de Jim Starlin e o traço aterrorizante (no bom sentido) de Berni Wrightson, narra o domínio de um suposto ser divino, Diácono Blackfire – líder golpista de uma misteriosa seita – sobre Gotham.
Batman: Gotham City: 1889 é uma das minhas favoritas. Lançada pela primeira vez em 1989, com texto de Bryan Augustin e arte fabulosa do mestre criador de Hellboy, Mike Mignola, é um atestado definitivo de que o Morcego é um personagem que funciona nos mais variados contextos. E se Bruce Wayne/Batman vivessem no século XIX? Usando todo o seu talento como detetive, o milionário Bruce Wayne traja seu uniforme de Batman para investigar uma série de misteriosos assassinatos cometidos por ninguém menos do que Jack, o Estripador.
Batman: O Longo Dia das Bruxas, roteirizada por Jeph Loeb e ilustrada por Tim Sale foi lançada originalmente entre 1996 e 1997. Nela, o Morcego confronta um assassino serial que tem alguns dos nomes mais influentes de Gotham como seus alvos. A trama se concentra no lado detetivesco do herói e explora toda a rica galeria de coadjuvantes do personagem. Segundo rumores, a história pode servir como base para o roteiro de The Batman, nova adaptação cinematográfica do personagem que deve chegar às telas em 2021.
Batman: Silêncio, de Jeph Loeb e Jim Lee, publicada entre 2002 e 2003 em doze edições mensais, mostra Bruce Wayne às voltas com um misterioso novo vilão e o confronto com seu passado. O relacionamento com a ex-vilã, Mulher-Gato, também é um dos focos desta que é considerada uma das melhores graphic novels do personagem.
Batman: O Que Aconteceu ao Cavaleiro das Trevas?, publicada originalmente em 2009, com roteiro do genial de Neil Gaiman e arte de Andy Kubert, parte de uma premissa trágica: a morte de Batman. Gaiman aproveita para elaborar uma emocionante análise do herói e de sua figura mítica, trazendo uma abordagem e visão únicas do personagem. Um verdadeiro tributo ao herói pelas mãos de um dos mais talentosos escritores de que se tem notícia.
Batman: Terra Um, de 2012, escrita por Geoff Johns e com desenhos de Gary Frank, se passa em uma realidade paralela na qual o Morcego luta em uma Gotham ainda mais corrompida do que a original. Para se ter uma ideia, até o incorruptível Jim Gordon está envolvido em esquemas de corrupção. E como nada está tão ruim que não possa piorar, nessa realidade o prefeito é o Pinguim!
Batman: A Noite das Corujas, de 2015, roteirizada por Scott Snyder e ilustrada por Greg Capullo, é centrada no conflito entre o Cavaleiro das Trevas e a Corte das Corujas, que governou Gotham em segredo por mais de um século.
Noite de Trevas: Uma História Real do Batman, de 2016, escrita por Paul Dini, com arte de Eduardo Risso, não é uma trama sobre o personagem Batman. Autobiográfica, a graphic novel acompanha Paul Dini, no auge de sua carreira como roteirista, durante a década de 1990, escrevendo episódios de animações de sucesso como Batman: A Série Animada e Tiny Toons. Até que, em uma noite, retornando para casa, Dini é brutalmente espancado. Por vezes, quase cedendo à revolta durante seu árduo processo de recuperação, Dini procura superar seu trauma utilizando personagens como Batman não como escape, mas como porto seguro e sua voz da razão. Tocante e inteligente, esse sem dúvidas é um álbum que vale a pena ser lido pelos fãs de Batman. Como o próprio título sugere, uma história real do Morcego.
Batman em outras mídias
A estreia do herói na televisão foi em uma série live-action de 15 episódios produzida pela Columbia Pictures, em 1943. Batman era interpretado por Lewis Wilson e Robin por Douglas Croft. O segundo seriado inspirado nos personagens criados por Bob Kane e Bill Finger, intitulado Batman & Robin, estreou no ano de 1949. O segundo ator a vestir o manto do Morcego foi Robert Lowery.
A clássica série, estrelada por Adam West, foi lançada na televisão em 1966 e fez um enorme sucesso, sendo considerada um cult atualmente. A série contrastava com a origem do personagem dos quadrinhos: não havia nada de sombrio, sendo o tom cômico predominante durante os dois anos em que esteve no ar, o que a levou a ser considerada uma sátira autorizada. Burt Ward estrelou a série ao lado de West, dando vida ao Menino Prodígio, Robin. Ao todo, o seriado contou com 120 episódios. A mansão de Bruce Wayne na série foi utilizada anteriormente como cenário em diversos filmes do cultuado cineasta britânico Alfred Hitchcock.
Uma redublagem amadora de um episódio da série, intitulada Bátima Feira da Fruta, é considerado o primeiro viral da internet brasileira, se tornando um verdadeiro hit assistido por mais de dois milhões de internautas. O vídeo é de 1981, mas só virou fenômeno em 2000, quando foi publicado em um site, cinco anos antes do surgimento do youtube.
A primeira aparição do personagem no cinema é deveras curiosa: Sem a autorização da DC Comics, Andy Warhol (sim, o próprio), produziu e dirigiu um projeto cinematográfico experimental intitulado Batman Dracula.
O Morcego atravessava uma boa fase nos quadrinhos durante a década de 1980 e estava mais do que na hora de ele conquistar o público de outra mídia: o cinema. Em 1989, o diretor norte-americano Tim Burton lançou o filme intitulado apenas Batman, uma superprodução da Warner Bros. Pictures.
Para protagonizar o longa, Burton escalou um improvável Michael Keaton que destoava completamente da caracterização do Bruce Wayne das HQs. Uma explicação para o fato de o vilão, Coringa, chamar mais a atenção no filme (inclusive o nome do ator que o interpretava, o ótimo Jack Nicholson, aparecia antes que o de Keaton nos créditos iniciais), é que Tim Burton definitivamente não gosta de heróis de quadrinhos, portanto deu mais espaço para o excêntrico vilão brilhar, o que aconteceu também no filme seguinte.
Em 1992, foi lançada a sequência, Batman: O Retorno. Novamente, quem roubava a cena eram os vilões: a Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer e o Pinguim de Danny DeVito. Há um diálogo neste filme que resume bem a essência das adaptações cinematográficas de Batman dirigidas por Burton. Em um dado momento, o empresário Max Shreck (personagem criado especialmente para o longa, interpretado por Christopher Walken) pergunta a Bruce qual é o motivo de ele estar vestido de Batman, ao que a Mulher-Gato responde “Porque ele é o Batman, imbecil”. Apesar de bizarro, o diálogo faz sentido. Qualquer um que visse Michael Keaton trajado como Batman, acharia que ele estava vestido para uma convenção de super-heróis ou uma festa à fantasia. Jamais que ele seria o próprio Batman! A surpresa de Shreck representa a nós, espectadores.
Tim Burton desocupou a cadeira de diretor dos filmes do Homem-Morcego e, em seu lugar, entrou Joel Schumacher que dirigiu Batman Forever de 1995. Apesar do razoável sucesso de bilheteria, o filme foi detonado por fãs e críticos.
Ainda pior do que o antecessor, Batman & Robin chegou às telonas em 1997. Com um visual colorido berrante, caracterizações equivocadas e roteiro esdrúxulo, o filme recebeu 10 indicações ao Framboesa de Ouro – o Oscar dos filmes ruins – e devido ao enorme fracasso de bilheteria e crítica, a Warner Bros. decidiu que Schumacher não dirigiria o quinto filme da série.
O herói só iria recuperar sua dignidade nas telonas oito anos depois, com Batman Begins de 2005, dirigido pelo cineasta londrino Christopher Nolan. Um filme que tratava o personagem com seriedade e trazia um enredo mais realista, centrado na origem do herói e no qual tudo era perfeitamente explicado, diferentemente de suas incursões cinematográficas anteriores. Com um elenco estelar, Batman Begins contava com Christian Bale como Bruce Wayne/Batman, Katie Holmes vivendo Rachel Dawes, Michael Caine na pele de Alfred, Gary Oldman interpretando Jim Gordon, Morgan Freeman como Lucius Fox, Cillian Murphy no papel do vilão Espantalho e Liam Neeson como Ra’s Al Ghul.
A sequência, Batman: O Cavaleiro das Trevas, de 2008, conseguiu superar o filme original em bilheteria e crítica, e foi agraciado com dois Oscars: de melhor edição de som e melhor ator coadjuvante para Heath Ledger que impressionou plateias de todo o mundo com a sua performance como Coringa. O Cavaleiro das Trevas ainda foi indicado em outras seis categorias, sendo o filme baseado em quadrinhos de super-herói com o maior número de indicações ao Oscar em todos os tempos (recorde ainda não superado nem mesmo por Pantera Negra com suas sete nomeações). O Oscar de Heath Ledger tratou-se de um prêmio póstumo, visto que o ator morreu de overdose antes mesmo do lançamento do filme.
O último exemplar da trilogia de Nolan, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, que trazia Anne Hathaway como Mulher-Gato, estreou em 2012 e também representou um grande sucesso de público e crítica, no entanto, ficou um pouco aquém do anterior.
Batman vs. Superman: A Origem da Justiça, de 2016, trouxe Ben Affleck no papel do atormentado herói da DC Comics, o que gerou a revolta dos fãs pela internet afora na ocasião de seu anúncio. Mas o maior problema nem foi exatamente sua caracterização ou interpretação do personagem…
Dirigido por Zack Snyder – conhecido pela profusão de cenas em slow motion, caráter megalômano, pirotecnia hardcore e clímax bagunçado – o filme sofreu duras críticas de veículos especializados e também do público. Depois disso, Affleck voltou a trajar a indumentária característica do herói em outro filme que ficou bem aquém do esperado: Liga da Justiça, de 2017. Snyder assumiu novamente o posto de diretor, mas devido a problemas pessoais, teve de ser substituído por Joss Whedon (Vingadores). Depois disso, Ben Affleck desistiu de vestir o manto do morcego pela terceira vez, abandonando o projeto de um filme solo estrelado por ele e do qual, inclusive, também seria o diretor.
Um novo longa do herói, intitulado The Batman, está previsto para estrear em 2021. O ator escalado para viver o Homem-Morcego dessa vez é Robert Pattinson. Conhecido por uma saga teen de vampiros que todos sabem qual é, e por ótimos filmes como Cosmopolis, Bom Comportamento e o recente High Life, a escolha novamente foi alvo de críticas de fanáticos vocais pela internet. Boa parte desse rancor se deve ao desconhecimento da maioria das pessoas acerca do trabalho do ator que vem evoluindo na carreira e deixando seu passado de palidez vampiresca para trás. A direção de The Batman fica a cargo de Matt Reeves, cineasta responsável por Cloverfield – Monstro, de 2008, e pelos dois novos filmes da franquia Planeta dos Macacos, de 2014 e 2017.
Outra série de TV baseada nos quadrinhos da DC Comics é Gotham da Fox, que contou com cinco temporadas, tendo estreado em 2014 e sendo finalizada em 2019. A produção retratava a infância de Bruce Wayne (aqui vivido por David Mazouz) e trazia Jim Gordon (Benjamin McKenzie) como protagonista. A série também apresentou versões mais jovens de grandes vilões das HQs. Já comentamos sobre ela por aqui em um passado remoto…
Dentre as séries de desenhos animados estreladas pelo Homem-Morcego, sem dúvidas a mais memorável é Batman: The Animated Series, conhecida por aqui como Batman: A Série Animada. Produzida pela Warner Bros. Animation e exibida originalmente pela Fox americana, contou com duas temporadas, totalizando 85 episódios. Estreou nos Estados Unidos em setembro de 1992 e teve seu encerramento em 1995. No Brasil, foi transmitida pelas emissoras de TV por assinatura Fox Kids, Cartoon Network e Tooncast e, no Brasil, pelo SBT e Rede Record. Com roteiros e uma animação de qualidade, recebeu a rápida aclamação da crítica, sendo premiada com 4 prêmios Emmy, além de conquistar fãs de variadas idades. Uma dica? Vale a maratona.
Nos videogames, o herói fez sua estreia no ano de 1985. Foram lançados mais de 20 jogos baseados no personagem até hoje.
Coadjuvantes de respeito
Em seu primeiro ano como herói, na edição 29 da revista Detective Comics, Batman encarou seu primeiro vilão de uma notável galeria de antagonistas que viria a seguir: Dr. Morte. Mas ele não deu, nem de longe, tanta dor de cabeça ao Homem-Morcego como Mulher-Gato, Charada, Espantalho, Pinguim, Hera Venenosa, Arlequina, Duas-Caras, Exterminador, Pistoleiro e, claro, Coringa!
Há quem diga que sem os vilões, Batman nada seria…
Na década de 1940, o Morcego ganhou sua própria revista solo. Nessa primeira edição, surgiu o maior e mais clássico inimigo do herói, o Coringa. Uma carta de baralho e as feições do ator alemão Conrad Veidt em uma foto teriam servido de inspiração para Kane criar o Coringa.
Além dos vilões, há outros personagens que se destacam na mitologia do personagem.
O Menino Prodígio, Robin, parceiro de Batman, surgiu em 1940 como um contraponto colorido, alegre e jovial ao obscuro e melancólico Homem-Morcego. Ele é o pioneiro dos chamados sidekicks (parceiros de heróis). Dizem que a inspiração para Robin foi um arte-finalista muito jovem, parceiro de Kane e Finger, chamado Jerry Robinson. O próprio, no entanto, alegou em uma entrevista que o nome seria uma alusão a Robin Hood. O Robin original (o primeiro de cinco) era Dick Grayson. Os demais foram Jason Todd, Tim Drake, Stephanie Brown (a única garota a assumir o cargo) e Damian Wayne (filho de Bruce). Isso sem contar as versões alternativas do personagem.
O delinquente juvenil, Jason Todd, foi o segundo Robin. Ele assumiu o posto de sidekick de Batman na edição #357, após a saída de Dick Grayson – que resolveu se aventurar em carreira solo, assumindo o nome de Asa Noturna. Todd conquistou curiosamente Bruce após uma tentativa de furtar as rodas do Batmóvel.
A primeira aparição do mordomo e tutor de Bruce, Alfred, ocorreu na edição #16 de Batman, de abril de 1943. Originalmente, Alfred apresentava características bem distintas de sua clássica e definitiva versão. A princípio, além de não ter o bigode típico, seu sobrenome era Beagle. Os traços do personagem como conhecemos hoje tiveram como base as feições do ator britânico William Austin, que interpretou o personagem na televisão em 1943. A partir da edição #83, de janeiro de 1944, o mordomo Alfred Thaddeus Crane Pennyworth passou a ser representado com uma aparência inspirada em Austin: magro, alto e usando um bigode.
Ainda sobre Alfred, no começo ele era um detetive que descobria a identidade secreta de seu patrão, Bruce. Após a reformulação do personagem, foi estabelecido que Alfred Beagle era outra versão do mordomo em um universo paralelo: gorducho e um tanto atrapalhado, isto é, uma versão distorcida do personagem do universo real. Alfred Pennyworth é a versão definitiva.
Outro personagem importante das HQs é o Comissário Jim Gordon que fez sua primeira aparição nos quadrinhos já na primeira história do Batman, mas só recorreu ao auxílio do Morcego em Batman #7. Gordon apareceu em praticamente todas as adaptações do herói para outras mídias. Ele é pai da bibliotecária Barbara Gordon, a Batgirl, personagem que foi incorporada às tramas das HQs após aparecer no seriado de TV dos anos 1960. A segunda esposa do Comissário, Sarah Essen-Gordon (com quem ele se casou após se divorciar de Barbara Kean Gordon, mãe de seus filhos), foi morta pelo Coringa. O vilão também foi responsável por deixar Barbara Gordon, sua filha, paralítica, com um tiro na espinha na clássica história A Piada Mortal.
A primeira Batgirl se chamava Betty Kane e surgiu na revista Detective Comics #139, em 1961. Na terceira temporada da série de TV, em 1966, surgiu outra versão da personagem e a Batgirl passou a ser o alter ego da filha do Comissário. Esta versão foi introduzida nos quadrinhos a partir do número 359 da Detective Comics, de janeiro de 1967. Após perder a mobilidade das pernas em A Piada Mortal, Barbara passou por um período de reclusão até descobrir as inúmeras utilidades de um computador. A partir daí, passou a ser conhecida como Oráculo e se tornou uma personagem ainda mais interessante do que a Batgirl.
Gotham
Gotham City, a cidade em que Bruce vive e atua como vigilante, é quase um personagem das tramas de Batman. Apresentando altos índices de corrupção e criminalidade, ela tem como seus moradores mais ilustres o próprio Bruce e Alan Scott (o Lanterna Verde original). Dentre os pontos turísticos de Gotham, estão a Mansão Wayne, a Torre do Relógio, o Beco do Crime e o Asilo Arkham. Na edição #53 da revista Swamp Thing, Alan Moore apresentou uma origem e história para Gotham City que foi seguida por outros roteiristas. Na história de Moore, a fundação de Gotham é de responsabilidade de um mercenário norueguês e, mais tarde, a cidade foi tomada por ingleses. Sua origem guarda profundas semelhanças com a fundação de Nova York.
Como dito anteriormente, Batman conta com uma galeria memorável de vilões e o Asilo Arkham é um local específico para abrigar todos eles: um manicômio para os perturbados inimigos do herói, fundado pelo psiquiatra Amadeus Arkham. O Arkham Asylum foi apresentado em Batman #258. Idealizado por Dennis O’Neil, a criação do Arkham teve como inspiração o Hospital Estadual de Danvers, localizado em Danvers, Massachusetts, e a obra do escritor H.P. Lovecraft, onde Arkham é uma cidade da Nova Inglaterra que costuma servir de cenário para estranhos e bizarros eventos.
Acessórios
O Batmóvel é um dos itens indispensáveis e considerado dos mais atraentes para os fãs de Batman. Fez sua estreia junto com o personagem, mas no começo tratava-se apenas de um Sedan sem nome definido. Com o passar dos anos, foi ganhando tecnologia cada vez mais sofisticada e se tornando mais moderno. O veículo de transporte do Morcego é um elemento imperativo para a identidade e mitologia do personagem e apontado como sonho de consumo pelos nerds ao redor do globo. O Batmóvel fica guardado em uma das alas da Batcaverna que nada mais é do que o quartel-general de Batman, situado em uma gruta abaixo dos alicerces da Mansão Wayne.
Outro dos elementos clássicos da mitologia de Batman é seu cinto de utilidades que possui uma diversidade de dispositivos como lasers, cordas e cápsulas de gás.
Já o Bat-Sinal projeta, durante a noite, o símbolo de Batman no céu de Gotham City. O projetor está instalado no terraço do Departamento de Polícia da cidade e sua inauguração nos quadrinhos ocorreu na edição #60 da revista Batman de 1942. Originalmente, era um presente do herói para Jim Gordon, de forma que o Comissário pudesse convocá-lo quando fosse necessário.
Batman: Octogenário
E por falar nisso, os fãs brasileiros do Batman – mais especificamente, os que moram em São Paulo – poderão ver a projeção do bat-sinal hoje, às 20 horas, na Avenida Paulista, na altura do nº 1.650. Portanto, aqueles que vivem pelos arredores, não percam! A iniciativa é uma parceria entre a DC Comics e a Warner. Além do Brasil, outras cidades que serão contempladas com a projeção do bat-sinal são Melbourne (Austrália), Tóquio (Japão), Berlim (Alemanha), Paris (França), Barcelona (Espanha), Londres (Reino Unido), Montreal (Canadá), Cidade do México (México), Nova York e Los Angeles (Estados Unidos).
Em homenagem aos 80 anos do personagem – completados em maio de 2019 – de 5 de setembro até 15 de dezembro deste ano, ocorre Batman 80 – A Exposição. O evento sediado pelo Memorial da América Latina, em São Paulo, apresenta cenários que vem povoando o imaginário dos fãs do Homem-Morcego ao longo das últimas décadas, como a Batcaverna, a Mansão Wayne, o Asilo Arkham, o apartamento da Mulher-Gato, o covil do Coringa, dentre outros. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site do evento.
Após 80 anos de ininterrupta atividade e projetando seu bat-sinal pelos mais diversos níveis de entretenimento e cultura pop, Batman continua um personagem fascinante e que ainda desperta o interesse e instiga a curiosidade de antigos e novos fãs. E que venha The Batman!
NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA BATMAN!
Andrizy Bento
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