Data de Lançamento: Agosto de 1973
Duração: 30:54
Faixas: 13 faixas
Estilo: MPB, Folk, Rock, Pop, Psicodélico, Progressivo, Vocal e Glam Rock
Produção: Moracy do Val
Gravadora: Warner Music
Lado A
Sangue Latino
O Vira
O Patrão Nosso de Cada Dia
Amor
Primavera nos Dentes
Lado B
Assim Assado
Mulher Barriguda
El Rey
Rosa de Hiroshima
Prece Cósmica
Rondó do Capitão
As Andorinhas
Fala
Um casamento do rock com a MPB que deu mais do que certo, com músicas curtas e grandes poesias. Assim é o primeiro disco autointitulado da prestigiada banda da década de 1970, Secos & Molhados. Com influências do Glam Rock – estilo que se espalhava pelo mundo, graças a artistas como David Bowie e a banda Roxy Music – o Secos & Molhados investiu no gênero, apostando nas caras pintadas e no ousado estilo andrógeno que se popularizava na época.
As músicas traziam uma bem sacada mistura de rock com muitos elementos nacionais, injetando uma sonoridade bem brasileira nas canções. A maior parte das letras, por sua vez, baseava-se em poesias. Todas as faixas que integravam o disco tornaram-se conhecidas do grande público, uma vez que o álbum fez um enorme sucesso e gerou diversos hits radiofônicos. Destaque para os clássicos O Vira, Sangue Latino, Assim Assado, Fala, Rosa de Hiroshima (considerado o hino pacifista de hippies e místicos) e Rondó do Capitão que foi inspirada por um poema de Manuel Bandeira.
Convém lembrar que o lançamento do disco ocorreu em pleno regime militar e os censores da época quiseram proibir, por inúmeras vezes, as músicas do grupo de serem tocadas nas rádios, sob a alegação de que as letras das canções tratavam-se de metáforas anti-governo. Contudo, eles não tinham certeza disso e, por via das dúvidas, optavam por impedir a execução pública das mesmas. Como já dito, as músicas eram todas inspiradas em poesias, mas a verdade é que o estilo da banda – especialmente sua aparência – incomodava os censores e e era visto como uma ameaça ao conservadorismo imposto por eles.
Considerada a capa de LP mais marcante da história da música brasileira pela Folha de São Paulo, o fotógrafo responsável por ela foi Antônio Carlos Rodrigues, do jornal carioca Última Hora. Ele organizou, dentro de seu próprio estúdio, a mesa de jantar com variados pratos, além das cabeças dos integrantes depostas sobre as bandejas, contando com uma maquiagem super carregada. Como de praxe, a capa ainda trazia o nome da banda grafado em roxo brilhante, tal como uma placa que o músico e arranjador, João Donato, viu em Ubatuba. Os membros dos Secos & Molhados passaram a madrugada inteira sentados em cima de tijolos para fazer a foto. Um detalhe a se destacar é que, além dos integrantes do grupo – Ney Matogrosso, João Donato e Gerson Conrad – a foto também contava com a presença do baterista Marcelo Frias, que não quis fazer parte da banda. Uma curiosidade é que o fotógrafo Antônio já havia realizado uma imagem similar, ao lado de sua esposa, para a revista Fotoptica. O videoclipe da música Eu Não Aguento, dos paulistas dos Titãs, lançado em 1995, presta uma homenagem aos Secos & Molhados ao reproduzir a icônica capa do álbum.
Até hoje, o disco é considerado uma obra-prima do rock nacional. A recepção por fãs e críticos foi extremamente positiva. Só no ano de lançamento, vendeu mais de um milhão de cópias e, em 1997, foi relançado, alcançando a impressionante marca de 250 mil cópias e recebendo o disco de platina – tendo sido somada as vendagens do álbum de 1973. O LP ocupa o 5º lugar na lista dos 100 Maiores Discos da Música Brasileira da revista Rolling Stones Brasil, e a 97ª posição dentre os 250 álbuns essenciais do rock latino da revista Al Borde – isso só para citar algumas das listas em que o disco aparece. Sem dúvida, uma obra fantástica e com um legado indiscutível para a música nacional.
Adryz Herven
Uma consideração sobre “Secos & Molhados (1973)”