É um fato que todas as vezes que abrimos o Netflix, rola aquela dúvida cruel sobre o que assistir. São tantas opções que perdemos horas escolhendo e, algumas vezes, até desistimos. Em um desses dias de dúvida, dei de cara com uma animação chamada Tower. Animação nos remete à infância, diversão e outras coisas do gênero. Mas no caso de Tower, este se assume como um título para adultos e conta a história do primeiro ataque em massa, executado de um ambiente universitário em território americano. Não resisti. E foi uma escolha incrível.
A ideia de optar pelo formato de animação gráfica traz algo de emocional, nos livra daquela ambientação comum e sisuda de documentários e nos dá a chance de ouvir depoimentos como se o caso houvesse acontecido há pouco tempo e não há 51 anos. O ataque, propriamente dito, ocorreu em agosto de 1966, na cidade de Austin, no Texas, diretamente do campus de uma universidade. Ali, havia uma torre, na qual um atirador subiu e passou a alvejar pessoas aleatoriamente.
A animação retrata como ele disparou em uma mulher grávida e seu namorado, além de duas crianças em uma bicicleta (no total, ele feriu 14 pessoas e feriu outras 32). E, assim, o espectador é imediatamente arrebatado por aquela trama. Há heróis, covardes, vítimas… Enfim, uma história real que choca, impacta, emociona e nos instiga a querer saber como ela termina. A essa altura, não importa tanto descobrir por que Charles Whitman fez o que fez.
O que importa, de fato, é saber o que aconteceu com aquela moça que estava grávida e calhou de ser a primeira vítima. Saber se a criança que passeava de bicicleta, sobreviveu. Se o radialista que cobriu todo o caso, percebeu que ali estava a história da sua vida. Ou como os garotos que saíram de casa unicamente para conferir o que estava se passando, retornaram como homens. Sem falar na história daquela que saiu em disparada unicamente para fazer companhia para a mulher grávida alvejada e estatelada no chão até que o socorro chegasse. Interessa saber que, naquele dia, fazia no mínimo 42°. Interessa saber quem foram os heróis que impediram Charles de continuar atirando, sem clemência.
O filme não nos conta exatamente por que Whitman fez o que fez. A ideia é se concentrar nas vítimas de Charles e no que aconteceu a elas, como superaram um trauma dessa magnitude, focando na capacidade de reconstrução das mesmas. Tower, por fim, é uma homenagem a todos os sobreviventes de ataques recorrentes nos Estados Unidos.
Gaby Matos