Ao comentar as minhas previsões para o Oscar 2017, no texto de ontem, eu relutei um pouco em usar a expressão vitória antecipada. Mas, no final das contas, enquanto editava o texto, decidi mantê-la. E errei. Como faço questão de salientar no título deste post, não existe vitória antecipada. Mesmo no Oscar em que o resultado tende a ser sempre tão previsível.
Na noite de ontem, vimos a história acontecer no palco do Dolby Theater. E não de maneira positiva. Em transmissão ao vivo, para milhões de espectadores do mundo inteiro (nem ouso estimar a quantidade), os atores Warren Beatty e Faye Dunaway anunciaram o ganhador do prêmio de melhor filme, a categoria máxima da noite. Uma confusão com os envelopes de melhor atriz e melhor filme gerou um momento constrangedor para todos os envolvidos. Beatty até percebeu que havia algo de errado, mas entregou o papel para que Dunaway lesse o nome do vencedor. Ela nem se deu conta que se tratava do envelope de melhor atriz, nem atentou para o nome de Emma Stone. Apenas leu em voz alta La La Land… quando o ganhador, na verdade, era Moonlight. Continuar lendo Vencedores do Oscar 2017 – Não existe vitória antecipada→
O prazo para as votações dos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas encerraram-se no último dia 21 e, logo mais, à noite, conheceremos os vencedores do Oscar 2017 em uma cerimônia apresentada por Jimmy Kimmel. Este ano é daqueles mais entediantes para se apostar. A vitória de La La Land é mais do que antecipada. É o típico filme que a Academia adora. Pelo visto, não teremos nenhuma surpresa nas categorias principais. Uma pena. Mas como é tradição aqui no Bloggallerya, aí vão as nossas previsões para o Oscar 2017.
A cena que abre o novo exemplar da filmografia de Mel Gibson sintetiza toda a obra: soldados americanos heroicos em slow motion, arriscando suas vidas na guerra e lutando com honra até seus últimos minutos, acompanhados de um voice-over de cunho religioso. Então, tem início a jornada do herói; recorrendo ao infalível recurso do flashback, o roteiro faz questão de destacar o momento trágico na infância do protagonista responsável por mudar seu destino para sempre. Ele diz à sua mãe que poderia ter matado acidentalmente o próprio irmão, ao que sua mãe exclama: “matar é o pior dos pecados”.
Para além das obviedades que dominam a tela somente nos primeiros dez minutos de projeção, há um diretor que imprime um tom ufanista e religioso em cada fotograma com tamanha convicção que não parece haver outro objetivo que não seja o de impor sua visão e convencer o espectador de que aquela é a verdade pura e incontestável.
Mais do que os personagens em si, são as atuações que constituem a força motriz de Fences, longa cuja direção é assinada por Denzel Washington que também protagoniza o filme. Um Limite Entre Nós (título genérico que a produção recebeu por estas bandas) não faz nenhum esforço em esconder que se trata essencialmente de um filme de atores.
Segundo longa do jovem cineasta e roteirista Barry Jenkins – que, até então, só havia dirigido o hit dos festivais Medicine for Melancholy de 2008 – Moonlight acerta ao centrar sua trama no indivíduo, em seu universo particular, em sua melancolia e solidão. Evitando enveredar pelo caminho óbvio ou apresentar estereótipos, o filme narra a história de Chiron (interpretado por Alex Hibbert na infância, Ashton Sanders na adolescência e Trevante Rhodes na fase adulta), um garoto com uma vida complicada que vive na periferia de Miami e tenta resistir ao mundo fácil da criminalidade. Alvo de preconceito e bullying por conta da mãe viciada em drogas e que se prostitui para sustentar o vício, Chiron tem de lidar com os rompantes da mãe dentro de casa e com o constante abuso dos colegas na escola. Dividido em três atos distintos que focam na fase da infância, adolescência e maturidade do protagonista, Moonlight não se limita a contar uma história manjada sobre um garoto que superou barreiras e transmitir uma mensagem edificante ao final.
Baseado na história real de Saroo Brierley, desaparecido desde os cinco anos de idade e que passou pouco mais de duas décadas em busca de suas origens e tentando desvendar o caminho de volta para casa, Lion é um filme repleto de boas intenções, mas com um resultado superficial e previsível.