La La Land – Cantando Estações

1

Como espectadora, musical é um gênero que me deixa desconfortável. Por mais que reconheça os méritos, especialmente dos grandes clássicos, se trata de um gênero que não consegue me convencer ou atrair. Geralmente, acho que são artificiais. A exceção é As Canções de Amor de Christophe Honoré, no qual a música surge de maneira espontânea e natural, como se os personagens estivessem dialogando através de canções e imersos em uma atmosfera videoclíptica que contribui muito para que o longa funcione.

Não é constrangimento nenhum admitir que fui munida de preconceitos assistir La La Land  tanto por se enquadrar na categoria de musical, quanto pelo fato de que todo filme adotado como o queridinho da Awards Season é promessa de muito alarde por pouca coisa. Afinal, o que se privilegia nessa época é o famigerado padrão Oscar, de filmes quadrados, mornos, que não incomodam, nem causam comoção. E a sequência de abertura, extremamente elogiada pelos quatro cantos do globo, só serviu para cutucar a minha aversão.

La La Land abre com uma cena musical, em que dezenas de pessoas, presas em um engarrafamento (que remete imediatamente ao 8 ½ de Fellini) rumo à Los Angeles, saem de seus carros e iniciam um número de cantoria e dança em um plano-sequência realmente admirável. A metáfora é pública e notória: mesmo diante das dificuldades e barreiras, os jovens aspirantes a artistas estão em busca de seus sonhos na cidade dos sonhos. Sim, não tem como não reconhecer seus méritos, mas que a cena me deu certo embrulho no estômago diante da desconcertante impressão de que o longa seria inteiramente cantado, também é inegável.

Depois disso, a impressão se desfez, felizmente. E La La Land se provou uma grata surpresa.

Continuar lendo La La Land – Cantando Estações