Enquanto o mundo seriemaníaco, no último dia de 19 de junho, entrava em catarse coletiva com a Batalha dos Bastardos no já tradicional episódio nove de Game of Thrones, nos despedíamos na surdina de Penny Dreadful.
Ainda impactados com o poder que a batalha teve – nunca me senti tao tensa vendo GoT – intimamente gritava: vê se não morre de novo Jon Snow! E, como uma amante de cinema, digo sem medo de errar: a batalha dos bastardos é coisa de cinema. Lindíssima. Nada feito ultimamente, em termos de batalhas nas tela, se compara àquelas cenas. Está em pé de igualdade com a sequência inicial de O Resgate do Soldado Ryan (1998) de Steven Spielberg.
Voltando à Penny Dreadful: na manhã de segunda-feira, fomos surpreendidos com a notícia transmitida pelo próprio criador da série, John Logan, que Penny havia encerrado seu ciclo. E, após ver a season finale, que agora oficialmente é o series finale, percebemos que o show foi produzido para ter uma história curta e contar com brilhantismo a saga de Vanessa Ives (Eva Green).
No primeiro momento, isto é, primeira temporada, imaginamos que a série era simplesmente uma releitura de figuras sobrenaturais clássicas. Tínhamos os nossos velhos conhecidos da literatura, Dorian Gray (Reeve Carney), Dr. Victor Frankenstein (Harry Treadaway) e um monstro que tinha apanhado a família de Sir Malcom Murray. Este último, com a ajuda de Miss Ives, estava em busca de sua filha e amiga de Vanessa, Mina Murray (Olivia Llewellyn). Esse plot é trabalhado durante toda a season e, paralelamente, a vida de Vanessa vai sendo pincelada.
Ainda nesse primeiro ano, conhecemos Mr. Ethan Chandler (Josh Hartnett) uma pessoa enigmática, um americano que guarda um segredo sinistro e que levamos duas temporadas para descobrir: Ethan era lobisomem.
Após a primeira temporada percebemos que a série não se tratava apenas de uma adaptação dos clássicos sobrenaturais, mas que se propunha a contar a trajetória de Vanessa. E, na verdade, tudo que acontecia era “culpa” dela. A protagonista é perseguida durante toda a season 2 e sabemos que ela tem uma ligação intrínseca com o mundo obscuro. No fim desse segundo ano, todos estão separados: Sir Malcom está a caminho da África; Ethan é preso a caminhos dos Estados Unidos; e Vanessa está sozinha em Londres.
Já agora, na terceira temporada, descobrimos que Vanessa é a chave de uma profecia e que o monstro da season 1 volta para finalmente pegá-la. E assim se desenvolve todo o terceiro ano da produção e os espectadores percebem também o tamanho do sofrimento que a personagem enfrentou e vem enfrentando. Isso acontece no soberbo episódio 5, no qual ela e o enfermeiro do sanatório onde Vanessa está internada, travam diálogos magníficos. Por causa de episódios como esse é que o coração de fã imagina que há mais histórias a serem contadas porque, particularmente, creio que o enfermeiro, afinal, era o morto-vivo de Frankenstein – faltaram explicações de como ele morreu e como Victor Frankenstein ficou com seu corpo. Essa narrativa, infelizmente, não nos foi apresentada. Nada é perfeito.
A season finale, por fim, foi angustiante e afirmo que não cabia outra. A trajetória de Vanessa foi contada de maneira brilhante e percebemos também que tudo que move o mundo é o amor. Isso costuma acontecer em uma série sobrenatural? Sim, em Penny acontece e de uma forma linda.
Adendo: Dessa vez me senti orfã com o fim de Penny Dreadful? Não, pois tudo foi tão bem planejado, narrado e a trajetória correu tão direitinho, que só podemos desejar que a Nossa Senhora das Séries nos dê outra produção dessa qualidade logo, logo.
Até!
Gaby Matos
Uma consideração sobre “Penny Dreadful – Series Finale”