Agents of SHIELD: 3ª Temporada – Parte 2

O texto abaixo contém spoilers.

A terceira temporada da série começou apontando para diferentes direções, com cada personagem empenhado em uma missão diferente e até mesmo pessoal. Por um lado, Skye / Daisy (Chloe Bennet) e Mack (Henry Simmons) passaram a recrutar Inumanos para integrar os Secret Warriors. De outro, estava Hunter (Nick Blood) querendo vingar Bobbi (Adrianne Palicki) e contando com a colaboração de May (Ming-Na Wen) que tem o coração dilacerado ao tomar conhecimento da identidade do vilão Lash – um homem comum que se transforma em uma horripilante criatura. Fitz (Iain De Caestecker), depois de muita perseverança, conseguiu resgatar Simmons (Elizabeth Henstridge) do planeta ao qual ela foi arremessada ao ser engolida pelo monolito no final da segunda temporada. Porém, Simmons mostra um desejo irrefreável de regressar. Após contar a Fitz o motivo, ambos passam a trabalhar em um plano para reconstruir o portal que os leve ao tal planeta novamente. O chefe da SHIELD, Phil Coulson (Clark Gregg), e a líder da ATCU, Rosalind Price (Constance Zimmer) iniciam um jogo de gato e rato que tem os Inumanos como centro de tudo, e ainda sobra espaço para um inegável flerte entre ambos. Bobbi era a personagem que corria por fora, ainda se recuperando após ser fisicamente torturada por Grant Ward (Brett Dalton) na temporada anterior.

Portanto faltava um pouco mais de atenção à nossa querida Harpia. E é isso o que o episódio seis nos proporciona. May e Bobbi, Cavalaria e Harpia, as duas personagens mais badass da série, se unindo na caçada a Ward.

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Um dos pontos positivos de Agents é apostar na dinâmica entre diferentes personagens. Aqueles que, por muito tempo, nem sequer trocaram uma meia dúzia de palavras e, de repente, se veem tendo de formar uma aliança em prol de alguma importante missão. E a química do elenco é um fator já testado e comprovado, dentro e fora da tela. Lógico que rende uma coleção de cenas antológicas quando os roteiristas inventam, sabiamente, de reunir duplas ou trios pouco prováveis. Foi o que aconteceu com Bobbi e May neste episódio. A interação entre as duas personagens não poderia ser melhor. A vibe de filme de espionagem, tão bem trabalhada na primeira e segunda temporada, vinha sendo deixada de lado no início deste terceiro ano da série. Eis que o ep. 6 resgata esse aspecto e entrega uma narrativa deliciosa do início ao fim, com todos os bons elementos dos filmes do gênero: agentes operando disfarçadas, o gênio por trás dos disfarces e perito em tecnologia (Fitz, nesse caso), cenas aflitivas em que elas quase são descobertas e muitos embates corporais de deixar qualquer espectador vibrando do outro lado da telinha.

Mas apesar de serem imbatíveis nos confrontos físicos, ambas as personagens mostram seu lado humano da maneira mais sutil e acertada. Bobbi se contendo o máximo que pode, ainda incerta de suas habilidades e de que sua recuperação, após ser barbaramente torturada por Ward, foi plenamente bem-sucedida. E May, diante da revelação de que seu ex-marido, o psiquiatra Andrew Garner (Blair Underwood), é Lash,  transmite apenas por meio do olhar toda a angústia e sofrimento pelos quais está passando.

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Outro personagem que mostra mais dimensões para além do alívio cômico a que se converteu após Fitz e Simmons abandonarem esse posto, é Lance Hunter cujo temperamento explosivo é explorado perfeitamente. O fato de ser mais passional do que racional, de agir por impulso e mandar às favas qualquer estratégia em equipe, tanto pode pôr tudo em risco, como ser um ganho. Afinal, nem sempre agir estrategicamente pode ser uma boa saída. Além disso, ele é outro que tem bons momentos interagindo com Daisy e Mack, mais uma prova da dinâmica certeira entre os personagens.

O episódio posterior, que não à toa é intitulado Chaos Theory, trabalha com o conceito de que toda ação, por menor e mais insignificante que pareça, é capaz de gerar um impacto e consequências devastadoras no todo. Uma pequena mudança no início de um evento pode abalar e comprometer o futuro. O episódio sete, acima de tudo, mostra que nada é exatamente como se vê.

Assim como o ep. 4, este apenas parece servir como ponto de transição para o que será desenvolvido no próximo. Mas tem pelo menos uma excelente cena que faz paralelos e, ao mesmo tempo, apresenta contrastes entre dois casais da série. Por um lado temos a desolação, de outro a esperança. A primeira na forma de May & Andrew, quando a agente assiste ao pôr-do-sol, que parece simbolizar dramaticamente o fim de sua história com o psiquiatra. A segunda na forma de Fitz & Simmons que assistem ao nascer do sol juntos enquanto tentam colocar seus sentimentos na mesa, mas nunca falando diretamente o que sentem um pelo outro.

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Lembrando que a bioquímica jamais conseguiu assistir ao nascer do sol com Will enquanto estava presa no outro planeta com ele. Antes do sol surgir, ela viu o sinalizador de Fitz e correu ao seu encontro, perdendo Will na tempestade de areia. Falando nisso, é nesse episódio que Simmons entrega seu celular (em uma clara alusão ao seu próprio coração) para que Fitz o conserte. O engenheiro encontra uma selfie dela com o astronauta que o faz perder a paciência e empurrar para o chão itens de sua mesa de laboratório, mas também se depara com as notas de voz que Jemma gravou especialmente para ele, mesmo sabendo que Fitz poderia nunca ter a chance de escutá-las. Em uma das cenas mais comoventes do episódio, Fitz vê a gravação em que Jemma finalmente se declara a ele, dizendo que pensava em um futuro ao seu lado, na terra natal do engenheiro, como uma pista do que ainda pode acontecer em breve na série.

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Um dos melhores episódios da temporada, sem sombra de dúvida, foi o oitavo, Many Heads, One Tale, que investe no que a produção sabe fazer de melhor: trabalhar paralelamente diferentes núcleos dramáticos, dando um tempo adequado de tela a cada um deles, para, no final, costurá-los e mostrar que eles sempre estiveram interligados. Aos poucos, todos os arcos narrativos vão se conectando. E o que é mais impressionante: de maneira uniforme, natural, sem soar forçado.

Dessa forma, temos Ward tentando encontrar seu rumo como líder da Hydra, mas ainda egocêntrico e imaturo demais para desempenhar tal papel com eficiência; a equipe buscando descobrir tudo a respeito da ATCU e de Rosalind, a mando do boss  Phil Coulson (e Hunter está particularmente hilário nesta sequência, disfarçado de hacker, mas que mal consegue distinguir as letras e símbolos no teclado do computador);  e o primeiro beijo de Fitz & Simmons!

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*Comemora*

Ponto para o produtor e roteirista Jed Whedon que escreveu algumas das linhas mais belas e trágicas para esses dois. Todo o diálogo é dilacerante, mas tão bem escrito, que não tem como ficar indiferente à sequência. Sem falar na excelente química entre Elizabeth Henstridge e Iain de Caestecker que tornam todo o relacionamento de Fitz & Simmons plausível e ainda mais atraente de se acompanhar, mesmo que tão doloroso e dramático. Quando Fitz fala acerca do cosmos e de como eles são amaldiçoados, faz uma clara referência ao próprio Whedonverse que adora histórias de amor trágicas e distantes de um happy ending. É quase metalinguístico e Jed Whedon sabe disso. A discussão acalorada culmina em beijos agridoces. O primeiro cheio de angústia e desespero. O segundo, repleto de ternura e esperança. Mas nos dois é possível notar o desejo que ambos teimam em reprimir. Ao fim do segundo beijo, percebemos que para Simmons é um novo começo, uma nova esperança. Para Fitz, no entanto, é o fim, a ruptura, a última chance. Ela quer seguir em frente com ele. Ele quer desistir porque não se atreve a desafiar o cosmos outra vez.

E é precisamente nesta cena que descobrimos que a Hydra também tem envolvimento com todo o caso do monolito que já transportou tantas e tantas pessoas (no que parece ser um macabro ritual), inclusive Jemma, ao planeta Maveth.

Falando neste planeta misterioso, ele é o centro dos dois episódios que precedem o hiatus.  O ep. 9 é o palco perfeito para a vilania e crueldade de Ward ser explorada. De um lado, assassinando a sangue frio Rosalind durante um jantar romântico  e casual com Coulson, vingando-se do ex-chefe e motivando a fúria deste último. De outro, sequestrando, torturando (física e psicologicamente) e manipulando Fitz & Simmons. E quer melhor maneira de mostrar que o personagem é realmente um vilão diabólico e, de quebra, injetar um pouco de bom senso na cabeça dos fãs que ainda acreditam em uma possível redenção? Simples, só fazê-lo capturar e machucar os dois personagens mais doces e queridinhos do seriado.

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Como descobrimos no episódio anterior, a Hydra e o monolito estão conectados. E Gideon Malick (Powers Boothe), um dos poderosos da subversiva organização, deixou Ward a par disso. E uma vez tendo conhecimento de que Simmons foi a única a conseguir retornar de Maveth, sequestrar a bioquímica e o engenheiro era a solução mais óbvia. Desse modo, Ward manipula Fitz, o fazendo ouvir os gritos de Jemma enquanto esta é torturada, até que o engenheiro concorde em se juntar a ele e outros soldados da Hydra a explorar o planeta. O objetivo da missão é encontrar a criatura amedrontadora que o habita: um inumano secular e extremamente poderoso que devastou Maveth e agora será trazido para a Terra a fim de engrandecer os propósitos de dominação da Hydra.

A conclusão do arco da jornada à Maveth é o mote da excelente mid-season finale. Provavelmente um dos episódios mais bem montados de Agents of SHIELD. Além de Ward, Fitz e demais vassalos da Hydra; se unem a eles na exploração do planeta azul, Coulson – que em uma atitude arriscada, salta de um avião diretamente para o portal, tamanho seu desejo de se vingar de Ward – e Will Daniels (Dillon Casey), o astronauta preso há quatorze anos no planeta que acaba servindo de guia para, no final, mostrar que não era exatamente Will Daniels…

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Finalmente o episódio dá um gás no arco dos Inumanos, a quem o chefe temporário da SHIELD (durante a ausência de Coulson), Mack, se refere como Power Rangers. Muito embora o visual deixe a desejar, com figurnos bem pouco criativos que não transmitem tão bem a ideia de uma equipe de super-poderosos, é bom vê-los trabalhando finalmente como os Secret Warriors.

Os minutos finais de Maveth são repletos de tensão, com os confrontos finais entre Coulson e Ward, Fitz e Will, e Daisy fazendo o possível para manter o portal aberto e trazer seus amigos em segurança com o auxílio de seus poderes e o apoio de Mack.

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Falei para ele morrer e ele levou a sério…

Por fim, descobrimos que o poderoso Inumano culpado pela devastação de Maveth se apossou do corpo de Will depois de matá-lo durante o resgate de Jemma. Ele tenta a todo custo sair do planeta e regressar à Terra, mas é impedido por Fitz. Contudo, após Coulson matar Ward de maneira extremamente passional, a criatura encontra seu novo hospedeiro. E, assim, teremos Ward que, na verdade, agora é o Hive (já conhecido do público ligado em quadrinhos) infernizando por mais algum tempo a vida dos nossos heróis da SHIELD.

Com o retorno da segunda metade da terceira temporada, algumas questões prometem ser trabalhadas. Além do arco do Hive, as decisões tomadas por Fitz e Coulson em Maveth ainda irão atormentá-los e abalar de alguma forma a dinâmica da equipe. E isso fica evidente em uma das últimas cenas que mostra a troca de olhares entre os dois personagens. O primeiro não teve escolha, tendo de sacrificar o corpo de seu rival pelo coração de Simmons, por hospedar o Inumano poderoso e maligno que almejava regressar à Terra depois de tantos séculos. Já Coulson matou Ward unicamente por conta de uma vingança pessoal, salientando que, em algum aspecto, não é melhor, mas igual ao inimigo. E o quanto desse seu lado tem domínio sobre quem o agente realmente é, sem dúvida é um fator preocupante.

Ward agora é Hive
Ward agora é Hive

Qual será o impacto e consequências do que houve em Maveth na volta da terceira temporada de SHIELD é uma questão a ser respondida a partir desta terça-feira, quando a série retorna com episódios inéditos à grade da ABC.

Leia a primeira parte aqui.

Andrizy Bento

3 comentários em “Agents of SHIELD: 3ª Temporada – Parte 2”

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