Falta uma semana para o retorno de Agents of SHIELD, portanto, aí vai um apanhado do que rolou na primeira metade da terceira temporada da série. Lembrando que eu já listei aqui no blog 10 motivos para conferir a produção da Marvel Studios exibida pela emissora norte-americana ABC.
A temporada começou frenética, em ritmo acelerado, em uma correria desenfreada como se os roteiros e execução dos episódios tivessem sido produzidos a base de muita cafeína e ecstasy. Depois do cliffhanger que encerrou a segunda temporada e tirou o chão dos espectadores – com a agente Jemma Simmons (Elizabeth Henstridge) sendo engolida pelo monolito Kree, um artefato aparentemente letal para os Inumanos – a season premiere da season 3 já jogou o espectador em um redemoinho louco de acontecimen-tos.
Daisy Johnson (Chloe Bennet), que atendia pela alcunha de Skye nas temporadas passadas, e o agente Mack (Henry Simmons) agora formam um time que tem por finalidade recrutar Inumanos, isto é, pessoas com super poderes tais quais o de Daisy. Assim, damos as boas vindas a Joey Gutierrez (Juan Pablo Raba) que desenvolveu recentemente a habilidade de derreter objetos metálicos. Mas isso não é tudo o que se tem a dizer sobre o novato, afinal ele é o primeiro personagem homossexual da série e tem muito potencial a ser explorado. Além disso, a duplinha Daisy e Mack também anda atrás de Lincoln (Luke Mitchell), um inumano que Daisy conheceu na segunda temporada, na Afterlife, e que agora almeja viver uma vida normal a despeito de seus poderes.
Por outro lado, Melinda May (Ming-Na Wen) continua distante da SHIELD, sem dar notícias de seu paradeiro, e Simmons permanece desaparecida para o desespero de um perseverante Leo Fitz (Iain De Caestecker) que está há seis meses em uma busca implacável pela sua melhor amiga e amor de sua vida. Ah, o amor!
Pobre Fitz…
No segundo episódio, Lance Hunter (Nick Blood) parte atrás de May a fim de convencê-la a colaborar em um plano de vingança contra o vilão Grant Ward (Brett Dalton), devido ao fato de ele ter torturado sua ex-esposa e atual affair (relação complicada desses dois), Bobbi Morse (Adrianne Palicki), na finale da temporada anterior. E aí o cenário global do terceiro ano de Agents of SHIELD já começa a se desenhar. Ou pelo menos era o que pensávamos… Sabemos que Hunter está irredutível em uma caçada por Ward, inclusive com planos de se infiltrar na Hydra. E o agente Fitz finalmente descobre uma forma de trazer Simmons de volta. Mas para quem, como eu, estava esperando que a season 3 girasse em torno disso, Bang! a surpresa é que não enrolaram nada com o plot da Simmons desaparecida. Fitz consegue salvá-la no final do segundo episódio em uma cena que fez todos os espectadores (e os atores do elenco) verterem lágrimas.
Desse modo, o 3º ep. tem um foco especial na adaptação da recém-resgatada agente que, depois de passar seis meses em outro planeta, precisa se reacostumar à gravidade da Terra, às distrações e ruídos que parecem altos demais, mesmo que seja apenas o barulho do chuveiro ou o vibra call do celular. Outro destaque é na preparação de Hunter que, ao lado de May, está fazendo o possível para conseguir um convite para se encontrar pessoalmente com o diretor da nova Hydra, o próprio Ward. Este terceiro episódio apenas prepara terreno para o posterior que mostra o explosivo combate entre Hunter e Ward – que tem um desfecho violento e dramático – e Simmons empenhada em voltar ao planeta que a tragou, inclusive tentando encontrar uma maneira de reconstruir o portal com o que restou do monolito (!)
Além de Joey, que desaparece após a season premiere e só retorna episódios mais à frente, outras adições interessantes desse terceiro ano são o vilão Lash, cuja verdadeira identidade permanece um mistério até o sexto capítulo, e a aparentemente ambígua Rosalind Price (Constance Zimmer), a cabeça da ATCU (unidade que tem como objetivo a contenção do crescimento exponencial de Inumanos nos últimos tempos) e novo interesse amoroso de Philip Coulson (Clark Gregg), nosso velho conhecido fanboy dos Vingadores e chefe da SHIELD.


Por mais um ano, a série mostra fôlego. Ainda que a audiência não seja tão expressiva quanto o desejado (especialmente para uma produção da Marvel), deixa claro que tem potencial para desenvolver storylines ricas e inteligentes por, pelo menos, mais umas duas temporadas. E seu principal mérito é trabalhar muito bem com vários núcleos, mas sempre procurando dar uma unidade a eles.
Provavelmente, um dos grandes marcos desse terceiro ano de SHIELD foi o quinto episódio, intitulado 4,722 Hours em que finalmente Simmons revela a Fitz todos os pormenores do que aconteceu com ela no outro planeta. A intérprete de Jemma Simmons, Elizabeth Henstridge, mostra a que veio e dá um legítimo tapa de luvas em todos que criticavam sua atuação na primeira temporada. A atriz deixa claro o quanto evoluiu e carrega boa parte do episódio (que começa com créditos diferentes, um verdadeiro achado) nas costas, emocionando o espectador ao mostrar sua luta por sobrevivência. Embora muito elogiado, o episódio não fica livre de falhas. E aqui eu falo mesmo enquanto shipper de FitzSimmons.
Eis que surge o clichê-master, o macho alfa, Will Daniels (Dillon Casey), que vira o amante espacial de Jemma Simmons após ela perder toda a esperança de retornar à Terra, devido a um fracassado plano.
O episódio começa do ponto em que a finale da segunda temporada parou. Fitz convidando Simmons para jantar e ela sendo engolida pelo monolito. O que vemos depois é Jemma perdida em um planeta com duas luas e que, pelo que ficamos sabendo posteriormente, só vê o sol a cada 18 anos. A fotografia azulada confere um ar inóspito e um tom melancólico ao cenário.
O primeiro encontro com Will, um astronauta perdido há 14 anos naquele planeta misterioso, é hostil. Ele prende a nossa querida bioquímica em uma jaula, acreditando que ela possa se tratar de uma alucinação ou ameaça. Toda a cautela e agressividade do astronauta são justificadas pelo fato de estar sendo perseguido durante todos esses anos por uma criatura perigosa que habita o planeta.
Morra!
Obviamente, o episódio dava inúmeras pistas de que haveria algum envolvimento romântico entre eles. Mesmo com as inúmeras menções a Fitz – a agente grava várias notas de voz endereçadas a ele, mesmo sabendo que o engenheiro talvez nunca vá ouvi-las, além de olhar constantemente para uma foto que ela tem dele em seu celular, assistir repetidas vezes a um vídeo de aniversário que ele lhe enviou (provavelmente quando ela estava infiltrada na Hydra na segunda temporada), e dizer “boa noite, Fitz” todas as noites antes de dormir. Em uma determinada cena, quando Jemma está olhando o vídeo pela enésima vez, agora ao lado de Will, sua voz quebra ao falar o nome do eterno parceiro de laboratório e melhor amigo. O astronauta observa que o nome do engenheiro é “a palavra favorita” de Jemma e que deve haver algo mais do que amizade na relação deles. Will também fica impressionado com o celular de Simmons, afinal, preso desde 2001 em um planeta inóspito e sem esperanças de retornar à Terra, ele não viu a tecnologia evoluir. Porém, a bateria do celular de Jemma, que resiste por meses a fio, é um item que impressiona até mesmo nós, espectadores comuns, já acostumados com as inovações tecnológicas e com as baterias de celular que não duram meia hora.
Mas há uma explicação: Fitz é o responsável por tornar a bateria durável. Mas tinha que ser. Bem, case-se com um homem que invente uma bateria infinita para seu smartphone 🙂
No terceiro ato, o episódio vira um A Lagoa Azul Alien para nerds com os dois levando vida de casado (blergh), achando que nunca mais iriam sair dali mesmo. Jemma só deixa de resistir aos encantos do Hog Face (apelido dado por Hunter posteriormente) no momento em que todos os seus vínculos com a Terra parecem estar perdidos para sempre. Ela acredita que, após quatro meses, Fitz não virá buscá-la e que ela e Will só tem mesmo um ao outro… Bem, e fica explicado porque ela chorou no jantar com o Fitz.
E, mais uma vez, o engenheiro mostra porque é o melhor personagem da série, que apesar de todas as traições e tragédias que teve de enfrentar desde sua entrada para a SHIELD, mantém um coração puro, nobre e digno. Ao invés de se limitar a sentir ciúmes de Jemma com outro homem, ele mostra resignação (mesmo que dos olhos para fora). Ao invés de egoísmo, mostra que é o personagem mais humano da trama e afirma a sua amiga que vai ajudá-la a trazer Will de volta daquele planeta. Não apenas porque o rival a ajudou a mantê-la viva e a salvou antes de Jemma deixar o planeta. Mas porque é o correto a se fazer. Toda vida merece ser salva é o lema de Fitz. E como a pessoa incrível que é, sabe que não é certo deixar um ser humano preso em um lugar a mercê de uma criatura letal.
O episódio prometeu mais do que cumpriu (sério que ela quer voltar ao planeta por causa de um cara? sério que os roteiristas se renderam ao trope do triângulo amoroso justo com o casal que eu pensei que nunca seria alvo desse clichê?), ainda assim, foi uma pausa para respiro depois de toda a correria dos primeiros episódios da temporada. E verdade seja dita: é um dos episódios mais bem produzidos da série e um dos que melhor trabalhou o desenvolvi-mento de uma personagem que, até então, lutava por mais espaço na trama, pela chance de ser ouvida e mostrar a que veio. Outro mérito é que apesar do novo interesse romântico dela ser um fator bem previsível no episódio, ela jamais se mostra dependente dele. Os roteiristas evitam o infeliz arco da donzela em apuros sendo salva pelo herói e optam, com sabedoria, por fazer de Jemma a grande heroína da história e Will o seu sidekick que pouco ajuda, mas também não atrapalha. Assim, há espaço de sobra para que a bioquímica brilhe e tenha seu grande momento na série.
Em suma, o terceiro ano de Agents of SHIELD começou muito bem, com cinco episódios bem roteirizados e sem fillers. O plot do planeta azul misterioso foi uma ótima sacada e como isso afetou o restante da primeira metade da season 3 também foi genial.
Mas falo melhor dos outros cinco episódios em um próximo post perto de você 😉
Andrizy Bento
3 comentários em “Agents of SHIELD: 3ª Temporada – Parte 1”