Personalidade: Mauricio de Sousa

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Você, provavelmente, já se deparou com alguma história em quadrinhos da Turma da Mônica em uma banca de jornal ou mesmo com uma tirinha em um antigo livro didático da época da escola. Isso se não for como nós, que crescemos lendo as aventuras das crianças que habitam o Bairro do Limoeiro: Mônica, a enfezada garota do vestido vermelho; Cebolinha, o ardiloso menino com apenas cinco fios de cabelo que sonha em ser o dono da rua; Magali, a menina magrinha, porém comilona que não resiste a uma melancia; e Cascão, o garoto que possui um medo inexplicável de água e nunca tomou banho.

Os marcantes e über-famosos personagens de Mauricio de Sousa surgiram primeiramente nas tiras de jornal para depois ganharem títulos próprios que já passaram pela Abril, Globo e Panini. Já pularam das páginas das revistas e invadiram a telinha da TV (em desenhos animados) e o grande ecrã (com longas-metragens simpáticos para o cinema). Sem falar nos parques temáticos e nos incontáveis produtos licenciados como roupas, acessórios, brinquedos e material escolar. Mas nada supera a bem-sucedida trajetória em seu meio de origem: os quadrinhos.Maurício Araújo de Sousa nasceu em Santa Isabel, no interior paulista, no dia 27 de outubro de 1935, e cresceu em Moji das Cruzes. Desde criança, o cartunista já se interessava por desenho. Foi rabiscando seus cadernos, ainda na infância, que criou o seu primeiro personagem, o Capitão Picolé. A paixão pelos quadrinhos era tanta que aprendeu a ler com eles.

Aos 19 anos, decidiu tentar a sorte desenhando cartazes e ilustrações para vender para rádios e jornais em Mogi das Cruzes. Em 1954, foi procurar emprego em redações de jornais impressos e encontrou apenas uma vaga para repórter policial no Folha da Manhã, onde permaneceu por cinco anos escrevendo matérias do gênero. Ele costumava desenhar os fatos noticiados na forma de histórias em quadrinhos e, a partir daí, passou a ilustrar crônicas policiais. Maurício conta que aquele texto ágil e dinâmico das reportagens policiais contribuiu muito para o estilo narrativo adotado em suas HQs.

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Enfim, surgiu uma oportunidade de publicar suas primeiras tirinhas, primeiramente na Folha da Tarde, depois na Folha da Manhã (jornais pertencentes ao grupo Folha) após conseguir convencer o editor. Os astros dessas tirinhas eram o cachorro Bidu e seu dono Franjinha. Com as tiras publicadas semanalmente, ele abandonou as reportagens policiais e passou a se dedicar exclusivamente à sua verdadeira paixão: as histórias em quadrinhos. Seu sonho finalmente começou a se realizar.

Com o sucesso das tiras do Bidu no jornal, no ano de 1960 ele chegou a lançar uma revista do personagem, mas sem deixar as tiras de lado. Contudo, devido à escassez de tempo disponível, a revista acabou tendo poucos números, sendo cancelada depois de apenas oito edições. De qualquer modo, naquele ano, nasceu o Cebolinha que acabou se tornando seu novo protagonista. No ano seguinte, foram criados o Cascão (o melhor amigo de Cebolinha) e o garotinho do campo (Chico Bento). No entanto, algumas pessoas criticaram o fato de que, em suas tiras, o cartunista jamais retratava personagens femininas. Com isso em mente, um dia, tentando encontrar uma inspiração, observou o comportamento de suas filhas e, exatamente no ano de 1963, nasceu a personagem que se tornou a maior estrela de suas criações, a Mônica, baseada justamente em sua filha de mesmo nome. Ela estreou em uma tira do Cebolinha já inaugurando suas clássicas coelhadas nele. Em 1964, surgiu outra personagem feminina de peso… Bem, de peso não, pois ela era magrinha, porém extremamente esfomeada: a melhor amiga da Mônica, a comilona Magali.

O ex-repórter policial obtinha cada vez mais êxito com suas tirinhas protagonizadas por carismáticos personagens e, dessa forma, elas passaram a ser publicadas não só na Folha como em diversos jornais do país. Como a responsabilidade começou a pesar cada vez mais para o lado de Maurício, e ele percebeu que não podia mais dar conta sozinho do negócio, contratou um time para ajudá-lo e criou seu próprio estúdio. Assim, a produção de histórias em quadrinhos da turminha cresceu muito no fim daquela década.

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De repente, vários produtos que levavam os nomes de seus personagens invadiram o mercado. Além disso, sua personagem mais proeminente, a Mônica, também virou estrela de propagandas de televisão. Toda essa fama tornou possível que, em maio de 1970, Maurício retomasse a ideia de criar uma revista em quadrinhos. Em parceria com a Editora Abril, lançou uma publicação mensal intitulada Mônica. Com várias histórias e o grande sucesso da revista, foi necessário ampliar um pouco mais o universo destes personagens nas HQs e, no ano de 1973, foi a vez de Cebolinha ganhar um título próprio.

A década de 1980 foi movimentada e Maurício e suas criações viveram uma ótima fase. Ele roteirizou filmes da turma para as telas de cinema e, em 1982, Cascão e Chico Bento viraram astros de suas próprias revistas, sendo estas lançadas quinzenalmente. Além de tudo, o quadrinista começou a desfrutar de prestígio mundialmente com seus personagens, inclusive publicando exemplares das revistas em outros idiomas. Em janeiro de 1987, sua parceria de 16 anos com a Editora Abril chegou ao fim e Mônica e sua turma se mudaram para a Editora Globo. Os quatro principais títulos em quadrinhos da turminha chegaram às bancas como o logotipo da nova casa. Em 1989, surgiu, finalmente, a publicação quinzenal da Magali.

Na década de 1990, houve muito mais novidades como a inauguração do primeiro Parque da Mônica em São Paulo, em 1993 (que também acabou por ganhar uma publicação mensal que trazia aventuras dos personagens no parque), além de revistas 3D, alguns livros comemorativos e uma página na internet que se tornou um dos sites mais acessados da época.

A Turma da Mônica adentrou os anos 2000 de maneira bem-sucedida como sempre. Maurício iniciou uma parceria com o autor Paulo Coelho, ilustrando seu livro O Gênio e as Rosas. O cartunista emprestou a fina estampa de seus personagens a fim de que estrelassem a narrativa de Coelho. Em janeiro de 2007, novamente sua obra muda de editora. Após mais de 20 anos de um feliz casamento com a Editora Globo, seus títulos passaram a ser publicados pela Panini Comics. Nessa época, Maurício também foi homenageado pela escola de samba  Unidos do Peruche. Para completar, tomou posse da cadeira 24 da Academia Paulista de Letras no dia 13 de maio de 2011, sendo o primeiro quadrinista a conquistar tal feito.

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Atualmente, ilustrou uma versão do clássico da literatura O Pequeno Príncipe, no qual seus personagens representam a história, a exemplo do livro de Paulo Coelho. Outro de seus títulos que tem alcançado bastante êxito no mercado é a publicação Turma da Mônica Jovem. Com a narrativa teen e um traço inspirado no estilo dos quadrinhos japoneses – os mangás – os personagens conquistaram uma nova fatia do público, além de permanecerem no imaginário daqueles que cresceram com a turminha e adentraram a adolescência. A edição #50, aliás, causou um estardalhaço e repercutiu pelas redes sociais ao mostrar o casamento de Cebolinha e Mônica. Uma revista apresentando uma versão mais adulta e madura dos personagens também foi pensada, a Turma da Mônica Adulta, contudo, ainda não foi lançada.

Maurício já criou algo em torno de 400 personagens e sua mente criativa parece não ter limites, sua imaginação nunca cessa. O renomado cartunista marcou e continua a marcar a infância de muita gente. Seja com seus personagens na idade infantil, adolescente ou adulta, ele conquista novos leitores a cada dia. Não tem como falar sobre a nona arte no Brasil e não citar seu nome que, certamente, é o mais proeminente dos quadrinhos brasileiros.

Parabéns pelos seus 80 anos! #Mauricio80

 

Andrizy Bento
Adryz Herven

4 comentários em “Personalidade: Mauricio de Sousa”

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