Admito que fiquei meio assustada quando soube da produção da série, afinal vivemos em uma onda de shows protagonizados por super-heróis de quadrinhos surgindo aos montes por aí. Tem algumas máximas que afirmam que, nesse universo, não importando a origem, seja Marvel ou DC, uma verdade é inexorável: não existe, ou melhor, não existia espaço para protagonismos femininos.
Isso vem mudando, ainda bem…
Supergirl é uma personagem difícil, porque ele carrega consigo uma aura e conceito complicados por natureza, que se reduzem a ser uma cópia do Superman na versão feminina (aliás, sempre achei trágico por demais ele ser o único sobrevivente de Krypton, portanto a personagem é mais do que bem-vinda). Como o mundo lidará com uma releitura feminina do Homem de Aço? Em um universo – mesmo o dos super-heróis – no qual uma mulher é chamada de periguete só porque não tem um namorado fixo, essa proposta parece arriscada por conta de inúmeros fatores, especialmente os rótulos impostos pela sociedade. Vide Chris Evans que interpreta o Capitão América e Jeremy Renner, o ator que dá vida ao Gavião Arqueiro, chamando uma mulher sem amarras, a queridíssima Viúva Negra, de vadia porque ela tinha uma ligação forte com Clint no primeiro filme dos Vingadores, flertou com Steve Rogers no segundo exemplar solo do Capitão América e, de repente, se envolveu amorosamente com Hulk no segundo longa dos Vingadores (clique para entender a história). Aparentemente o mundo ainda não está preparado para tratar a mulher da forma como ela merece, com a igualdade de gêneros.
Tive alguns receios diante do novo show. Fiquei pensando se veríamos uma daquelas séries de mulherzinha (olha o rótulo!) onde o cerne da narrativa seria os dramas comuns do tipo: quem vai conseguir ganhar o coração da nossa amiga Kara Danvers?
Mas, na verdade, é uma série que foca na questão do recomeço. Kara saiu de Krypton com uma missão: cuidar do primo Kal-El. Devido à explosão do planeta, sua nave se perdeu na zona fantasma e Kara só chega à Terra vinte e quatro anos depois disso tudo. Portanto, sem missão, uma vez que seu primo já é um herói consagrado quando ela finalmente aporta por estas bandas. Clark (alterego de Superman) acomoda Kara com uma família amiga e ela tenta crescer como uma garota normal.
Quem é essa Kara? Qual é esse mundo onde Kara vive? Nesse mundo cabe uma Supergirl? Qual é o papel do Superman nessa história? Pergunta minha: Por que não Superwoman? (desligando o feminismo…)
A intérprete da heroína, Melissa Benoist, é carismática e isso conta vários pontos a favor para um possível sucesso da série. Também traz coadjuvantes que podem segurar a bola e tornar o show um êxito de audiência. O piloto teve defeitos? Talvez, mas o principal deles é que vazou muito cedo (em maio) e o segundo episódio só chega agora, em outubro.
A série, que é a nova aposta da CBS, estreia oficialmente no próximo dia 26.
Gaby Matos
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