As emissoras de televisão norte-americanas tem um sonho: ser dona do hit da temporada e que esse hit vire ícone posteriormente. Sim, isso pode soar meio megalomânico, mas é a pura verdade. Todas querem ser a responsável pela nova Lost. Houve algumas tentativas e, talvez, o canal USA tenha lançado o mais novo candidato a fenômeno televisivo: Mr. Robot
Admito que quando o piloto vazou, fugi dele. Fiz seleção natural e simplesmente decidi não ver. Recorrendo à velha e fajuta desculpa de sempre: não tenho tempo. Mas foi uma evolução resistir por quatro episódios. Sim, já é uma evolução quando se está em época de crise de pilotomania. Mas vocês sabem, vício é vício. Então caí em cima de Mr. Robot e, cara, que delícia de série! Um prato cheio para nerds de plantão, recheado de citações a ícones pop como Dexter, Matrix e Clube da Luta e cercada pela cultura da internet que domina o mundo contemporâneo. Você nota a influência da informá-tica em cada detalhe do seriado e, de cara, já pelos títulos dos episódios. Que, alías, confesso que não sei nem repetir… mas acho aqueles códigos todos um dos maiores baratos da produção.
A história gira em torno de um hacker “do bem” (as aspas são porque, afinal, hackers do mal são denominados crackers), uma espécie de vigilante da sociedade: Elliot, que trabalha em uma empresa de segurança online. O emprego foi arranjado pela sua melhor amiga, Angela. Rami Dullek, ator desconhecido do grande público, interpre-ta o protagonista e surpreende. Me recordo de tê-lo visto em um único trabalho anterior, em Need For Speed, e já nesse filme ele protagoniza uma sequência antológica. Por essa experiência e agora em Mr. Robot, percebemos que ele é um cara de talento e que talento! O papel de Elliot parece ter sido talhado exclusivamente para ele. Pelo dia, ele é um engenheiro de segurança; à noite hackeia pessoas que merecem ser hackeadas, vai acertar as contas com elas e pôr em prática seu próprio método de justiça. Quase um Batman mais geek, moderno, pouco atraente e sociável e ainda mais melancólico e solitário.
Em uma dessas andanças, ele conhece o Mr. Robot que o chama para participar de uma missão essencial para o grupo que ele lidera, o fsociety. Papel, este, defendido brilhantemente por Christian Slater. Bem, se contar mais coisas a vocês a respeito da produção, vou enchê-los de spoilers e todos sabem que spoiler não é legal. Mas, se eu tenho créditos com vocês, corram para ver Mr. Robot que tem todos os ingredientes para virar ícone. E, para demonstrar sua força, a série já foi renovada para uma segunda temporada.
***Spoiler***
- Algo me angustia: será que Elliot é esquizofrênico e todas aquelas estripulias do piloto – leia-se: atos praticados por influên-cia da fsociety – são frutos da mente perturbadinha de Elliot?
- As citações que remetem a Psicopata Americano (filme de 1999, com a célebre performance de Christian Bale) foram sensacio-nais.
- Fugimos da maldiçao do cancelamento que persegue o Slater
- O diretor do piloto é o dinamarquês Niels Arden Oplev que dirigiu o famoso filme sueco Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, a versão original para as telas do primeiro volume da Trilogia Millennium de Stieg Larsson.
Gaby Matos
Uma consideração sobre “Mr. Robot”