Antes o mundo nerd se dividia em Marvetes e DCnautas. Acredito que a Marvel domina os corações ultimamente devido ao excelente trabalho desenvolvido em diversas mídias, não se limitando mais apenas os quadrinhos que é seu lar de origem.
Parando para pensar, antes dessa onda de 50 Tons de Cinza, o ranking de bilheterias do cinema mundial era dominado por completo por filmes da Marvel. Capitão América, Thor, Homem de Ferro, Os Vingadores…. Especialmente este último.
Os filmes da Marvel tem um atrativo diferente. Além de contarem com personagens muito carismáticos e bem construídos pelo mago dos quadrinhos Stan Lee, as histórias têm uma forte mitologia que interliga todos estes personagens. Utilizando para isso a estratégia das famosas cenas escondidas nos créditos ou pistas e surpresas inseridas no meio da narrativa (chamadas de easter eggs) que indicam revelações do próximo lançamento do estúdio. Cenas que estão sempre lá à nossa espera, levando os fãs a querer ver tudo o que a Marvel produz para não correrem o risco de perder nenhuma novidade da franquia.
Além das cenas extras, temos também as inúmeras citações e alusões ao passado Marvel, por exemplo: Nick Fury conta a Tony Stark em Homem de Ferro 2 que seu pai, Howard Stark, foi o fundador da S.H.I.E.L.D, juntamente com Peggy Carter. Óbvio que essas informações têm um destinatário certo: os não-iniciados em quadrinhos, mas dá um encanto fenomenal aos filmes.
Recentemente a Marvel tenta abrir espaço em outra mídia importante e abrangente: a televisão que ainda é um terreno dominado pelo povo da DC Comics com sua parceira de longa data com a CW. Tendo como início dessa intervenção na TV a estreia de Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D. – trazendo como personagem principal o Agente Coulson que pensamos ter sido assassinado por Loki em Os Vingadores – série que teve um início irregular, mas agora está honrando a mitologia Marvel.
Na ultima midseason, a proposta da Marvel era a seguinte: contar como Peggy Carter fundou a S.H.I.E.L.D. Peggy nos foi apresentada no filme Capitão America: O Primeiro Vingador. Ela foi sua treinadora e seu primeiro amor, testemunha de seu desaparecimento e, eventualmente, ela estaria destruída pela perda de Steve Rogers. Então como assim ela funda a agência secreta mais importante da história dos quadrinhos? Mas nós, meros telespectadores, descobrimos que Peggy não é qualquer mulher. Ela é uma heroína do seu tempo e todos os episódios que compõem a primeira temporada de Agent Carter nos mostram isso com maestria.
Agent Carter é uma minissérie em oito episódios que deu aos produtores e roteiristas a possibilidade de construir uma história enxuta, sem episódios fillers, que cansam o espectador. Os showrunners também tem um orçamento melhor para investir na qualidade dos episódios. Sempre achei 22 episódios, que é o padrão americano, uma coisa desproporcional.
A série tem uns clichês básicos, porém, necessários para o desenvolvimento da trama. Alguns podem achar que as questões feministas do enredo soam fora de época, coisa que eu não acredito. O preconceito em relação à mulher sempre esteve entre nós, só que ultimamente travestido de outra forma. Você pode pensar também que a Agent Carter não é tão legal porque nossa querida Peggy não tem “superpoderes”, mas, caros amigos, Peggy não precisa disso para ser especial; a luta de sua vida a transforma na mais digna das heroínas da televisão. E não vá pensando que por a história ter como personagem central uma mulher, o amor é ingrediente imperativo da série, pois não é. Peggy se dedica a destruir aqueles que atravessam o seu caminho, e seu coração ainda tem um dono, o próprio Capitão América.
Eventualmente Peggy se casa e tem uma filha. Informação que nos foi dada por uma idosa Peggy em Capitão América – O Soldado Invernal. Mas existem inúmeras piadas soltas, inclusive feitas por Tony Stark a um enciumado Rogers que Peggy andou pela cama do Stark pai…
Agent Carter foi vendida como uma minissérie de 8 episódios, como mencionado anteriormente, e que funciona como prequel de MAoS. No entanto, tem fôlego para mais algumas temporadas e eu participo de qualquer campanha #SaveAgentCarter.
Gaby Matos
Uma consideração sobre “Agent Carter”