Pode ser porque ele faz aniversário junto comigo (24 de setembro) ou porque foi o “diretor escolhido” da minha equipe de cinema no terceiro ano da faculdade, tendo servido como influência estética para nossas produções. Ou pode ser somente porque ele é um cineasta brilhante e notável. Mas não importam as razões, o fato é que o espanhol Pedro Almodóvar é quem abre a seção Personalidade do Bloggallerya.
Com obras marcantes e viscerais e vários prêmios importantes no currículo (Oscar, Globo de Ouro, Bafta, Palma de Ouro e Goy), podemos dizer que Pedro Almodóvar é um mestre na arte de orquestrar boas cenas de sexo. Claro que não se pode reduzir seus filmes apenas a isso. Mas é bem verdade que a maioria dos filmes do diretor espanhol apresentam um erotismo e sensualidade inegáveis. Na verdade, esta é uma das características mais acentuadas na obra de Almodóvar: As discussões profundas e controversas acerca da sexualidade.
Outra de suas características marcantes é o uso das cores. Nenhuma delas está ali por acaso. Sendo a paixão e a violência temas recorrentes na obra do diretor, faz todo o sentido que o vermelho seja a cor predominante, a que se sobrepõe às demais.
Personagens excêntricos, cenários kitsch, cores extravagantes, figurinos berrantes. São os elementos que compõem os dramalhões de Almodóvar. Mas nada disso torna o visual grotesco. Muito pelo contrário. O senso estético do diretor é tão apurado que permite que a atmosfera de seus filmes seja plausível e quase palpável. Delineia o cenário perfeito para o afloramento das emoções exacerbadas.
Centrados sempre no cotidiano, nas situações e relacionamentos aparentemente comuns que evoluem para casos tensos, escândalos que levam (ou quase levam) seus personagens à loucura, os dramas de Almodóvar chegam a níveis absurdos, porém, um de seus maiores méritos está no fato de tornar o absurdo, palatável.
Almodóvar oscila entre o racional e o instintivo do homem, entre a mente e o corpo, entre a razão e o sentimento. E mergulha no universo de incoerências e contradições que é o próprio indivíduo.
O cenário histórico e político da Espanha é outro dos elementos recorrentes nas obras do cineasta sem, contudo, constituir o foco principal de suas tramas. O diretor prefere apostar nos relacionamentos humanos e nos dramas pessoais, tendo, na maioria das vezes, mulheres como protagonistas. O cineasta costuma dizer que “os homens também choram, mas penso que as mulheres choram melhor”.
As mulheres de Almodóvar ganham destaque em obras como Tudo Sobre Minha Mãe, Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, Volver e Kika. Em Fale Com Ela, Almodóvar admite que queria falar sobre algo doloroso o bastante para fazer um homem chorar. Nesse filme, as mulheres também marcam presença, mas são os homens que movimentam a história.
Vale à pena conferir a obra desse cineasta cujo maior trunfo está na maneira sutil e ao mesmo tempo densa com que conduz e “pinta” a sua história na tela, criando obras poderosas e contundentes.
Filmografia
Amantes Passageiros (2013)
A Pele que Habito (2011)
Abraços Partidos (2009)
Volver (2006)
Má Educação (2004)
Fale com Ela (2002)
Tudo Sobre Minha Mãe (1999)
Carne Trêmula (1997)
Flor do meu Segredo, A (1995)
Kika (1993)
De Salto Alto (1991)
Ata-me! (1990)
Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos (1988)
Lei do Desejo, A (1987)
Matador (1986)
Que Fiz Eu Para Merecer Isto? (1984)
Maus Hábitos (1983)
Labirinto de Paixões (1982)
Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón (1980)
Andrizy Bento