Os jovens ocupam um espaço de destaque no cinema. A maior parte dos Blockbusters são lançados com o objetivo de atrair o público adolescente para as salas de projeção. Mas aqui indicaremos os filmes dedicados ao público jovem, com temática jovem. Tudo de inerente a esse universo está presente nos cinco filmes que destacamos: Música, referências pop, comportamento, descobertas, inquietudes, o espírito desbravador, livre e revolucionário.
Alguns trazem uma visão mais descontraída e alegre, outros uma visão melancólica e sombria, mas todos apresentam uma visão real da juventude.
Quase Famosos
(Almost Famous, 2000)
Drama
Um dos filmes mais bacanas do início dos 2000. O diretor Cameron Crowe conseguiu como ninguém capturar a atmosfera dos anos 70, bem como o espírito Rock’n’roll daquela época. O filme traz uma história muito atraente: Um garoto apaixonado pelo rock, que costuma fazer críticas musicais de forma amadora, é descoberto pela revista Rolling Stone e, com apenas 15 anos, é contratado como repórter pela própria. Seu primeiro grande trabalho é acompanhar a banda Stillwater em sua primeira turnê pelos EUA, porém, ele acaba se envolvendo demais com a banda e com as garotas que a cercam, dentre elas a alucinante e alucinada Penny Lane. O que torna Quase Famosos um filme comovente é a paixão contagiante do diretor pela música, o carinho com que Crowe trata suas personagens, bem como a sua maestria na hora de recriar o universo setentista.
Elefante
(Elephant,2003)
Drama
Depois da bonança, vem a tempestade. O diretor Gus Van Sant procura primeiramente nos anestesiar mostrando um dia na vida de dois jovens, alvos de brincadeiras maldosas na escola, que aguardam em casa a chegada de sua metralhadora. Paralelamente, passeia com tranqüilidade pelo sufocante colégio onde estudam os dois garotos. A câmera sempre nas costas das personagens, segue os estereótipos mais comuns existentes em uma escola. Finalmente mostra os garotos com armas potentes em punho executando friamente um assassinato em massa. Os alvos: Seus colegas e o diretor do colégio. Van Sant transportou para a tela a angústia e inquietude dos jovens estudantes em uma narrativa precisa baseada em fatos reais. É impressionante como Van Sant filma o massacre de maneira crua, mas sem perder a elegância de sempre de seus enquadramentos. E mesmo mostrando que os garotos assistem programas sobre Hitler pela TV e curtem jogos violentos de computador, não usa esses artifícios como justificativa exclusiva para seu comportamento agressivo. Exemplar de cinema atual essencial na coleção de qualquer um.
Meu Tio Matou Um Cara
(2005)
Comédia
Não é o melhor filme de Jorge Furtado – responsável por pérolas do cinema nacional como O Homem Que Copiava, Saneamento Básico e o curta Ilha das Flores – Mas, ainda assim, possui grandes méritos. O primeiro está na escalação do elenco: todos se encaixam perfeitamente nos seus papéis. O ritmo leve e descontraído com que segue a narrativa, a linguagem jovem utilizada pelos personagens, com muitas gírias e referências pop, são outros elementos que atraem nesse delicioso misto de comédia romântica e policial que narra a aventura de Duca na busca por provar a inocência de seu tio que confessou um assassinato, mesmo sendo inocente. No meio dessa história, Duca acaba envolvendo seus amigos Kid e Isa. Como em todos os filmes de Furtado, o charme está nos detalhes sutis, mas que não passam despercebidos pelos telespectadores mais atentos e que se deixam envolver por suas tramas.
Os Sonhadores
(The Dreammers, 2003)
Drama/Romance
Um dos mais belos filmes dos últimos tempos. Uma verdadeira declaração de amor ao cinema, que retrata temas como descoberta da sexualidade e tendo como plano de fundo a revolução estudantil dos anos 60. Ambientado na França, o filme fala sobre um casal de irmãos parisienses que, durante uma viagem de seus pais, convidam um americano meio deslocado a se hospedar em sua mansão decadente. Vinho, sexo e apaixonadas discussões sobre filmes são seus únicos passatempos enquanto permanecem enclausurados na mansão sem se importar com o mundo lá fora. Charmoso e sensual em cada fotograma, Bernardo Bertolucci surpreende com o seu senso estético sempre digno de nota; no uso de cores, luz, cenários, sem falar na inserção de cenas de clássicos do cinema com direito a reprodução da corrida no Louvre de Band à Part. Com Os Sonhadores, o diretor italiano nos presenteou com uma verdadeira preciosidade do cinema atual.
O Clube dos Cinco
(The Breakfast Club, 1985)
Drama
O diretor John Hughes compreendia o universo jovem. Em seus filmes, a maioria clássicos dos anos 80 (e hoje perpetuados como clássicos da sessão da tarde), Hughes mostrava a irresponsabilidade, a rebeldia e a frustração da juventude, tornando seus personagens críveis, sem precisar estereotipá-los como é comum nos besteiróis teenagers atuais. Foi assim com a comédia Curtindo A Vida Adoidado, sobre um garoto que mata a aula para curtir a liberdade, e com este Clube dos Cinco. No entanto, dessa vez, o diretor lida mais com um viés de drama e apresenta cinco jovens que depois de aprontarem acabam tendo de passar o dia inteiro na detenção, tendo como tarefa escrever um longo texto sobre o que pensam de si mesmos. Jovens tão diferentes, que integram círculos diferentes de amizade, acabam por se conhecer melhor uns aos outros e a si mesmos, a compartilhar segredos, conflitos internos e dramas familiares. Qualquer oitentista tem O Clube dos Cinco como um de seus filmes afetivos. Tocante e muito bem sacado, Hughes conseguiu fazer deste o seu melhor trabalho.
Andrizy Bento