[Cinema] Estreias da semana

Dicas para o fim de semana: Duas estreias bacanas nos cinemas de todo o país. O Palhaço e Contágio.

Selton Mello, diretor do surpreendente Feliz Natal, em sua segunda incursão como cineasta, toma o picadeiro como o cenário de seu mais novo filme e retrata o drama de Benjamin que, ao lado de seu pai, Valdemar, forma a encantadora e divertida dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue.  Apesar de seu trabalho ter como objetivo fazer as pessoas rirem, ele se encontra em um momento de crise e infelicidade. Numa típica situação “sem lenço, sem documento” (realmente, o palhaço não possui nenhum documento), ele decide partir em busca de um sonho. Além do próprio Selton, o elenco também conta com o veterano Paulo José.

Felizmente Selton Mello tem um ego menor enquanto diretor do que como ator (eu gosto de várias atuações dele, não entendam errado). Pesquisando sobre o filme para postar aqui, li em alguns lugares que O Palhaço tem uma vibe Wes Anderson, mas como eu sou um anti-Anderson de marca maior, prefiro ignorar tais comentários e ir despido de preconceitos conferir o trabalho de Selton, não ligando para as impressões dos outros 😉

Steven Soderbergh é um diretor um tanto quanto pretensioso. Já cometeu muitos deslizes em sua carreira, mas felizmente tem mais acertos do que erros em seu currículo. E esse Contágio, ao que tudo indica, parece ser mais um em sua lista de acertos.

A ideia do filme é bem interessante, apesar de não realmente inovadora. Mas, desde que bem desenvolvida, já é um grande mérito. Contágio aborda a luta pela sobrevivência dos seres humanos diante de um vírus letal, transmissível pelo ar, e que mata os infectados em questão de dias. A epidemia se inicia na Ásia e logo se alastra rapidamente por quatro continentes. A comunidade médica mundial começa, então, uma corrida contra o tempo, para encontrar a cura e conter o desespero que passa a assolar todos os cantos do globo.

Além do mote infalível capaz de atrair o público para o multiplex mais próximo, Contágio ainda conta com a força de um elenco estelar (algo que o diretor faz quase sempre questão em seus filmes): Marion Cotillard, Matt Damon, Laurence Fishburne, Jude Law, Gwyneth Paltrow e Kate Winslet marcam presença no novo de Soderbergh.

Trailer de O Palhaço e Contágio:

Kevin Kelissy

[Dicas] Bastardos Inglórios

Bastardos Inglórios se passa durante a Segunda Guerra Mundial, no primeiro ano da ocupação da França pela Alemanha. É nesse cenário que a judia Shosanna Dreyfus vê sua família ser cruelmente executada pelo coronel nazista Hans Landa, também conhecido como “caçador de judeus”. A partir daí começa mais uma história de vingança narrada por Quentin Tarantino. Mas esqueça Beatrix Kiddo, a noiva de Kill Bill. Por mais que o cineasta explore o tema vingança novamente, aqui o contexto é bem diferente.

Paralelamente à história de Shosana, surge o tenente Aldo Raine que forma Os Bastardos, um grupo de soldados judeus unidos para exterminar nazistas.

Novamente o cineasta usa e abusa da “estética da violência”, apropria-se de uma narrativa em capítulos e recheia seu filme de referências pop obscuras e humor negro, como já é de praxe. Mas isso não significa que seja apenas mais um filme do Tarantino. Um filme de Tarantino nunca é apenas mais um. Dessa vez, o cineasta explora um terreno até então não visitado por ele e permite-se inovar, tomar liberdades criativas e distorcer a história da Segunda Grande Guerra.

Com o cinema de Tarantino não existe meio-termo. Ama-se ou odeia-se. Não dá para simplesmente ser indiferente. “Cineasta superestimado que repete fórmulas e criador de diálogos preconceituosos” é como ousam vesti-lo os detratores que, em termos de quantidade, podem não se comparar ao número de fãs que o diretor possui, mas sim, eles existem.

Ao longo dos anos, esses detratores não hesitaram em chamar o cinema de Tarantino de racista entre outros impropérios. E isso não fez com que o diretor se intimidasse ao, por exemplo, dar mais substância e espaço na tela ao grande vilão nazista Hans Landa, que é sem dúvida, o personagem mais bem desenvolvido do longa. Bela presença de cena do ator Christoph Waltz. Os demais personagens são como a maioria das figuras que já ilustraram as películas tarantinianas: rasos. O diretor nunca fez questão de construir detalhadamente suas personagens. O que importa são as situações nas quais ele as envolve. No máximo, ele apresenta sequências em flashback para explicar como as personagens foram parar nas histórias tresloucadas que ele conta. Brad Pitt, na pele de Aldo Raine, funciona mais como o alívio cômico do filme e Mélanie Laurent, como a judia Shosana Dreyfus, é quase uma encarnação de uma diva do cinema francês. Nenhum deles apresenta muita espessura como personagem. Eles apenas estão na tela para pôr em prática seus planos de vingança.

Os diálogos longos seguidos de cenas impactantes e ultra violentas – outra das marcas registradas do cineasta – também estão presentes em profusão neste longa. Afinal, é assim que Tarantino sabe fazer cinema – lidando com a expectativa e o choque do espectador. Trabalhando (muito bem, diga-se de passagem) com o clímax e o anticlímax. Em Bastardos Inglórios, por exemplo, cenas fabulosas mal atingem seu auge e são cortadas abruptamente, bem como a trilha sonora que mais uma vez se destaca.

Bastardos Inglórios é ousado no tom adotado para contar a narrativa, desafiando a história, e no show de violência e sangue.

O melhor de Tarantino é o fato de que ele soube construir uma identidade cinematográfica como poucos. Assim como Almodóvar, Kubrick e De Palma, é impossível assistir a um filme de Tarantino e não reconhecê-lo nele.

É fato que essa resenha era para ser uma resenha sobre Bastardos Inglórios, mas é quase uma resenha sobre Tarantino. Talvez seja porque sua figura tenha se tornado mais célebre e icônica que os seus próprios filmes. E talvez seja por isso que ele tenha optado por deixar a modéstia de lado e afirmar (através de uma fala do personagem de Brad Pitt) no final de Bastardos Inglórios: Essa é minha Obra-Prima.

Postado originalmente em http://inquadrofilmes.blogspot.com/2009/10/bastardos-inglorios.html em 25/OUT/2009

Andrizy Bento

A Primeira Contestação

Nos anos 50, os EUA passavam pelo momento pós-guerra. Era um momento econômico próspero, em que as famílias americanas podiam ter dois carros na garagem, havia os churrascos em família aos domingos, a televisão era o novo passatempo e o sonho americano estava de volta. No meio dessa calmaria em que as atrações eram para os adultos, os jovens estavam sendo “sufocados”,  não agüentavam mais essa mentalidade “certinha”.  Algo estava para acontecer!

Em 1953, Hollywood produziu o filme The Wild One (O Selvagem) com Marlon Brando no papel de Johnny, um motoqueiro rebelde, líder de uma gangue de motoqueiros. Ele usava jaqueta de couro, jeans, coturnos (lembra dos punks…?)

Esse filme foi o pontapé inicial para o início da rebeldia dos garotos e garotas dos anos 50.

Em 1955, quando já existiam gangues de rapazes com jaquetas de couro e canivetes nos bolsos, mais um filme viria para eternizar esse momento de contestação, Rebel Without a Cause (Juventude Transviada), com James Dean no papel principal. O filme mostrava, pela primeira vez no cinema, os conflitos entre pais e filhos e também a primeira cena de “racha”  da história. James Dean tornou-se o primeiro ídolo juvenil e, com sua prematura morte no mesmo ano, virou um herói e um mártir para os adolescentes e um “maldito” para os adultos.

Esses dois atores citados influenciaram diretamente Elvis Presley e seu Rock’n Roll. Com um estilo musical e voz de negros, um tanto obscena, debochada e um forte apelo sexual, conquistou de vez os jovens. Elvis chegou a ser censurado pela mídia por causa de sua dança e seu cabelo comprido.

Todos esses elementos de Elvis, James e Brando serviram de inspiração para o nascimento da primeira “tribo” do mundo: os rRockers.

Eram os jovens revolucionando, se tornando independentes, mostrando o seu repúdio aos costumes conservadores dos adultos. A partir daí, o mundo nunca mais foi o mesmo, tudo começou a ser direcionado principalmente aos adolescentes (a indústria fonográfica principalmente).

Se não fosse esse movimento, o mundo talvez ainda fosse um lugar tedioso, talvez não se falasse em sexo tão abertamente, talvez os movimentos hippie e punk não tivessem acontecido. Os anos 50 foram um grande “vá pro inferno” para a moralidade e para a repressão que sempre foi imposta aos jovens.

 Eduardo Molinar

[Especial] Rock Nacional Anos 80 – Parte 2

Parada Rock Anos 80 Brasil–  parte 1

Sempre destaquei  os anos 80 como um década genial, principalmente em termos musicais. O rock nacional dessa época demonstra muito bem o que quero dizer. As bandas com suas composições, independentes de terem temática política, romântica ou humorística,  foram apreciadas pelo público em geral, especialmente dentre os adolescentes da época. As músicas marcaram uma geração que até hoje é lembrada e que nunca será esquecida.

Aqui, destaco 5 músicas do rock nacional da década de 80 que estão entre as minhas favoritas. Como se trata de apenas 5, vão faltar algumas outras prediletas nessa lista… mas pretendo fazer uma parte 2 para incluir as faltantes 😉

1- Gang 90 & As Absurdettes – “Perdidos Na Selva”

2- Ritchie – “Casanova”

3- Legião Urbana – “Tempo Perdido”

4 Paralamas do Sucesso – “Lanterna dos Afogados”

5- Plebe Rude – “Até Quando Esperar”

Fonte da imagem: http://cesargavin.blogspot.com/

Adryz HerVen

[Televisão] Pretty Little Liars

O desaparecimento da líder de um grupo de cinco amigas populares na fictícia Rosewood é o ponto de partida de Pretty Little Liars. Mesmo um ano depois, o mistério ainda assombra a pequena cidade. Logo nos primeiros episódios descobrirmos se tratar não apenas de um desaparecimento, mas sim de um assassinato. Embora a lei diga o contrário, o crime parece estar muito longe da resolução e Aria, Hanna, Emily e Spencer sentem como se o fantasma de Alison estivesse sempre rondando por ali.

As amigas remanescentes se distanciam umas das outras logo após o misterioso ocorrido, mas uma série de estranhos eventos que passam a acontecer na cidade um ano após o desaparecimento de Ali, as reaproxima e o laço que as une parece mais forte do que nunca.

Aparentemente, a única saída das quatro amigas é permanecerem unidas, do contrário, as fragilidades particulares de cada uma, podem fazer com que elas sejam vencidas facilmente, não só pelos fantasmas do passado e a marca que o crime deixou na história delas e da cidade, como pela misteriosa criatura que se autodenomina “A” e que está sempre as observando onde quer que elas estejam, chantageando-as e mandando recadinhos irônicos e maldosos através de bilhetes e mensagens de texto.

O mote da série, a lenda urbana, faz com que esta funcione e desperte algum interesse. O mistério que cerca o assassinato e o clima de suspense quase constante no melhor estilo Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, dão um diferencial à trama que, por se tratar de uma série protagonizada por personagens adolescentes, não escapa dos chavões narrativos e dos estereótipos tão comuns existentes em outras séries teen.

Outro trunfo de Pretty Little Liars  é mostrar que o relacionamento das amigas Ali, Aria, Emily, Hanna e Spencer nem sempre foi um mar de rosas. Ali não era apenas excessivamente admirada pelas demais, como também invejada e temida. Ela oprimia as amigas e ditava as regras do jogo, sempre com seu jeito atrevido, irreverente e sem medo de magoá-las com sua sinceridade. Fica evidente que as outras quatro só se tornaram amigas por causa de Ali, e esta costumava dizer que era ela quem as tinha feito, que certamente elas não seriam nada sem a sua abelha-rainha. Por isso suportavam a humilhação a que eram submetidas, como ser alvo de bullying por ser gordinha, que era o caso de Hanna, ou mesmo ser confundida por conta de sua orientação sexual, no caso de Emily. A única que realmente tinha coragem para iniciar embates com Ali era Spencer, contudo, não conseguia fugir das conseqüências que isso acarretava e isto mesmo depois da morte da amiga

Sabemos, portanto, que elas nunca foram lá muito boazinhas e que fizeram coisas que não deviam, e não apenas elas como outros habitantes da aparentemente pacata Rosewood que vão sendo revelados lá pelas tantas, como se todas as ligações levassem à Alison, ela soubesse demais e, por conta disso, tivesse sido morta.

Mas a riqueza do background, todo o mistério e os cliffhangers que contribuem para que a série se torne ‘viciante’, não são o suficiente para evitar que certas fraquezas sejam evidenciadas a partir da segunda temporada, quando muitas saídas não soam convincentes e as soluções (ou falta destas) são excessivamente forçadas. É incrível como tudo dá absolutamente errado e as garotas são extremamente azaradas, sempre perdendo provas e pistas importantes ou sendo pegas de surpresa indo pelo caminho errado, quando todas as evidências pareciam apontar exatamente para a resolução do enigma.

Além disso, os arcos dramáticos que envolvem as amigas, no que concerne à família e relacionamentos, muitas vezes se resumem a puro lenga-lenga. Um exemplo é a manjada relação proibida entre professor e aluna que parece três vezes mais conflituosa do que realmente deveria ser.

Espero realmente que encontrem uma justificativa plausível para o fato de A ser tão onipresente, onisciente e onipotente (ou talvez eu devesse colocar essas características no plural?). Não faz sentido a série ultrapassar três temporadas, pois corre o grande risco de se tornar cansativa, forçada ao extremo e perder o escopo.

Mas para quem gosta de tramas adolescentes que aliam mistério e suspense a dramas pessoais mal-resolvidos e conflitos internos, Pretty Little Liars é uma ótima alternativa. Uma mistura do já citado Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado com a série Desperate Housewives. Para o telespectador, fica como uma boa opção de entretenimento tentar encaixar as peças desse complicado quebra-cabeça.

Fonte da imagem: http://www.buddytv.com/

Andrizy Bento