Dessa vez, temos aqui no blog, o texto de um colaborador que, esperamos, venha a contribuir ainda muito com esse espaço nos permitindo publicar seus futuros artigos e, dessa maneira, enriquecer o Bloggallerya. Eduardo Molinar escreveu sobre o Punk no Brasil, mas não apenas sobre o cenário do gênero e movimento em nosso país. Seu artigo alfineta, apresenta um caráter de crítica social e política. Confira:
Punk no Brasil…consciência esquecida (?)
Alguns dizem que o punk no Brasil acabou porque não o encontram mais sendo reportado na TV. Outros acreditam que ele vive, mas não tem o espaço que merece nos meios de comunicação. A verdade é que ele está vivo, só que tentam ignorá-lo.
O auge do punk brasileiro foi nos anos 80 e 90, com bandas como Camisa de Vênus, Raimundos, Inocentes, Replicantes, Plebe Rude e tantas outras.
O punk foi pouco divulgado pelas emissoras de televisão brasileiras, naquela época, por ser agressivo, conter palavrões e principalmente por falar o que mais dói: a realidade, a verdade do Brasil. Hoje o Brasil é retratado como um país que só cresce, onde tudo vai muito bem e nada está errado. Isso é mentira, pois temos muitos problemas sim, e são problemas antigos. Exemplos: corrupção (velha conhecida), violência, pessoas que ganham muito mais e pessoas que ganham menos (muito menos), pobreza e etc. A lista é longa!
Talvez, hoje, pouca gente saiba, mas as bandas que citei e outras ainda que não foram citadas se preocupavam com a situação do povo brasileiro. Músicas como “Hoje” e “O Adventista” (Camisa de Vênus), “Pátria Amada” (Inocentes), “Proteção” (Plebe Rude), “Surfista Calhorda” (Replicantes) mostraram a verdadeira consciência do povo brasileiro e foram censuradas por isso. O que é normal acontecer; quando alguém está certo é acusado de querer o mal do país.
Muitos que se declararam “justiceiros” do povo naquela época, são o que podemos chamar de “surfistas calhordas”, pois agora essas mesmas (que estão no poder atualmente) são iguais às que elas criticavam. Os falsos, parece que ninguém vê. São aproveitadores que um dia queimaram a bandeira americana em praça pública, e hoje apertam a mão dos americanos, entregando nosso país a eles. O punk denunciou e denuncia tudo isso, mas parece que ninguém entende.
Não se engane, o punk nunca morrerá. Não pense que, porque o garoto ou a garota são punks, que eles querem o mal do país, eles apenas estão tentando “abrir os olhos” dos que não acordaram para a verdade ainda. Ou porque não conseguiram, ou porque não querem.
Foi com banda Gang 90 & as Absurdettes, formada pelo DJ Júlio Barroso em 1981, que tudo começou. Totalmente influenciada pela New Wave, a nova onda que tomava conta do cenário musical europeu, a banda de Barroso tinha uma identidade e sonoridade autênticas. Com letras repletas de bom-humor e referências pop, a Gang 90 fazia um som diversificado, legítimo e dançante. Pelo selo Hot de Nelson Motta, a banda gravou seu 1º compacto que trazia a música com a qual eles concorreram no Festival MPB Shell81, a divertida Perdidos na Selva.
Outra banda que surgiu ainda no início da década de 80 foi a irreverente Blitz de Evandro Mesquita que, na época, contava com o polêmico Lobão na bateria. A música Você Não Soube me Amar foi o primeiro grande hit da banda carioca. Uma curiosidade: o compacto que incluía essa música tinha capa rosa choque berrante e, no lado B, Evandro repetia à exaustão a palavra “nada”.
Vinda direto de Brasília, em 1981, surgiu a Plebe Rude. Ao contrário de outras bandas que apareceram anteriormente, com letras mais satíricas e recheadas de alusões, eles faziam um rock mais politizado, puxado para o tom de crítica social.
Um ano depois, outras bandas surgiriam para ilustrar o cenário musical da época, como o Barão Vermelho que trazia o lendário Cazuza nos vocais, que mais tarde se consagraria como um dos maiores poetas do rock nacional e sua banda como uma das mais importantes da história da música brasileira. Nesse mesmo ano o Barão lançou seu 1º disco que levava o mesmo nome do grupo.
Lulu Santos lançou o Tempos Modernos também em 82. Já a Gang 90 veio com o Essa Tal de Gang 90 & Absurdettes que trazia, além da clássica Perdidos na Selva, a balada Telefone e a simpática Nosso Louco Amor.
Nesse mesmo ano, mais propriamente em janeiro, foi inaugurada na Praia do Arpoador a mais importante casa de shows da época, o Circo Voador, que faria história. Três meses depois, o Circo mudou de endereço e foi para os Arcos da Lapa.
Blitz lançou As Aventuras da Blitz, aquele disco que ficou famoso por apresentar as duas últimas faixas riscadas devido à famigerada censura. Nessa época Lobão já tinha pulado fora do barco e lançado seu 1° disco solo, o Cena de Cinema.
A inigualável Legião Urbana de Renato Russo que é quase uma unanimidade entre os oitentistas, realizou seu 1° show abrindo para a ótima Plebe Rude. Quem também estreou nesse ano, foram os Paralamas do Sucesso com Baroni tendo sido chamado às pressas para substituir Vital na bateria, visto que este último preferiu passear com sua moto e esquecer que tinha o compromisso de tocar na universidade com a sua banda. Um pouco mais tarde, esse curioso fato renderia uma música que se tornou um clássico dos Paralamas.
O grupo Herva Doce gravou seu 1° LP que incluía a faixa Herva Venenosa – que anos mais tarde faria novamente sucesso na voz de Rita Lee – e, quem diria, um ano depois estavam abrindo para o Kiss, no Rio de Janeiro.
Em 1983 os Paralamas lançaram o compacto com a já mencionada Vital e Sua Moto, inspirada na aventura de seu ex-baterista. Nesse ano, a banda brasiliense liderada por Herbert Vianna também lançou o disco Cinema Mudo.
Depois de Lulu Santos e Lobão, outro ex-integrante da banda setentista – e praticamente desconhecida – Vímana, partiu para a carreira solo. O inglês Ritchie, gravou o compacto da música Menina Veneno e, assim como os Paralamas, lançou seu 1° LP no mesmo ano do compacto, Vôo de Coração, que foi um verdadeiro recorde de vendagens para a época e é indispensável na coleção de qualquer oitentista que se preze.
Lulu Santos além de gravar seu 2° disco produziu o compacto de outra banda que também marcaria época, o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, com as faixas Pintura Íntima e Por Que Não Eu.
Ainda em 83, outra banda que despontou foi o Camisa de Vênus do excêntrico Marcelo Nova, amigo de longa data do lendário Raul Seixas. O grupo lançou seu 1° disco homônimo naquele mesmo ano e, desde então, passou a travar uma verdadeira luta com a censura que proibiu a execução radiofônica de várias músicas do Camisa durante seus anos de atividade.
O período de 1984 a1986 será o foco da segunda parte desse especial que trata dos mais importantes fatos do cenário do rock nacional da década de 80 em ordem cronológica . Ainda tem muita coisa para contar e muitas bandas, que contribuíram para a história da nossa música, a serem relembradas.
Aí vai o meu singelo Top Five de animações da Pixar. Tem alguns dos quais sou muito fã, mas que não estão entre os cinco mais (é o caso de Monstros S.A.) e outros eu não gosto mesmo (Carros, por exemplo). Foi difícil escolher os cinco melhores, mas creio que a minha lista ficou bem justa, embora esse negócio de lista seja subjetivo… Para os nossos leitores fica também como sugestão fazer uma maratona Pixar na próxima folga ou próximo feriado (foi o que eu fiz nesse último), é pra rir e chorar, se divertir e se comover. Afinal, quem não gosta de animações da Pixar?
Ontem, dia 4 de setembro, completamos dois meses no ar e, até o presente momento, já recebemos 1.022 acessos.
A nossa ideia inicial era criar um espaço simples na internet no qual pudéssemos reunir nossos comentários, dicas e opiniões a respeito de assuntos relacionados à cultura pop. Era um blog de amigos que tinham a intenção de manter um espaço virtual em comum onde pudessem postar seus interesses e treinar seu texto.
Todos nós sempre gostamos dessa ideia de manter um blog, mas nunca fomos disciplinados com o ritmo de postagens (vide experiências blogueiras anteriores), mas decidimos tentar de novo e, até agora, temos mantido uma boa frequência de posts.
Pouco mais de 1.000 views é algo que excedeu nossas expectativas em se tratando de um blog com um objetivo tão despretensioso. Acreditávamos que, com dois meses no ar, teríamos pouco mais de 200 visualizações (!) portanto, o número pode não parecer assim tão alto pra muita gente, mas significa muito pra nós.
Em dois meses de existência nós já fomos citados (e elogiados) em uma das maiores e mais ativas comunidades dedicadas a Harry Potter no orkut, a rádio 91 Rock já divulgou nosso blog, fomos mencionados em alguns twitters pop’s de formadores de opiniões espalhados pela rede social e já fomos encontrados através dos mais diversos termos de busca, fosse alguém atrás de um texto sobre os Marotos, fosse atrás de uma resenha de A Árvore da Vida, ou sobre Andrew Garfield no novo filme do Homem-Aranha ou sobre os 30 anos de SBT.
Agradecemos a todos aqueles que nos divulgam pelo twitter, facebook, que retweetam nossos links, que curtem nossos status de divulgação do blog, que nos indicaram para amigos, que passaram e passam por aqui para conferirem os novos posts e os que deixaram comentários.
Obrigado!
A dica de hoje é um filme nacional que estreou no último dia 2, O Homem Do Futuro. Uma mescla de ficção científica com comédia romântica, esse simpático filme de Cládio Torres (do ótimo Redentor) traz Wagner Moura, um dos grandes atores dessa geração, no papel de Zero, viajando de volta no tempo por causa de Helena interpretada por Alinne Moraes. Um filme bem sacado e divertido que vale o ingresso. Vão ver sem medo que garanto que vocês não vão se arrepender do investimento.
Após o fim da América do Norte, uma nova nação chamada Panem surge. Formada por doze distritos, é comandada com mão de ferro pela Capital. Uma das formas com que demonstram seu poder sobre o resto do carente país é com Jogos Vorazes, uma competição anual transmitida ao vivo pela televisão, em que um garoto e uma garota de doze a dezoito anos de cada distrito são selecionados e obrigados a lutar até a morte.
Matar ou morrer. Não há escolha. Na arena, o mais capaz vence. Que os Jogos Vorazes comecem!
Jogos Vorazes (Suzanne Collins, Ed. Rocco, 2008)
Para um livro que se encaixa na categoria YA Lit (Young Adult Literature), Jogos Vorazes de Suzanne Collins é até transgressor. A trama é densa, pontuada por passagens violentas e impactantes, contém alto teor dramático, e chega até a sugerir uma crítica social.
A premissa em si não é, assim, inovadora. Em um primeiro momento, Jogos Vorazes nos remete imediatamente a Battle Royalle, contudo, a proposta de ambas as obras bem como a linha narrativa e o público que almejam atingir são distintos.
O texto de Collins é cru e ágil, o que é indispensável dentro do que ela se propõe, sem firulas ou embromação. A premissa é bem trabalhada e apesar de algumas passagens que quase chegam a extrapolar o limite do aceitável, tudo funciona bem e parece plausível dentro do universo apresentado pela obra, desde que você se deixe levar pelo conto.
A autora adota estilo e ritmo apropriados e precisos que corroboram a atmosfera proposta, imperativos para que a história flua de modo a prender a atenção do leitor e se torne convincente aos olhos deste. Dessa forma, há compatibilidade entre todos os elementos narrativos, o que faz de Jogos Vorazes um livro bem estruturado, com uma leitura que passa muito longe de ser cansativa.
O romance entre a heroína da história e seu parceiro de distrito não consegue escapar de alguns clichês. Fica evidente que a história de amor foi inserida mais por questões mercadológicas mesmo e, portanto, algumas passagens de sessões de beijos entre os dois parecem, muitas vezes, deslocadas na trama.
Vendido equivocadamente como o sucessor de Crepúsculo (uma estratégia para angariar os fãs já quase órfãos da outra franquia), o romance best-seller de Suzanne Collins em nada se assemelha à série-fenômeno assinada por Stephenie Meyer, exceto, talvez, pela tentativa de se construir o tão famigerado triângulo amoroso, exaustivamente presente em grande parte das obras do gênero. Inclusive, dentre os jovens que constituem a fanbase de Jogos Vorazes, muitos até já levantam bandeira pelo seu team – team Peeta ou team Gale – a exemplo do que aconteceu com Crepúsculo.
Contudo, o relacionamento da heroína com Peeta Mellark não é exatamente o foco de Jogos Vorazes. A trama principal se concentra na luta pela sobrevivência de Katniss Everdeen, sua rebeldia contra o sistema que controla e oprime a sociedade em que vive, bem como os questionamentos, dúvidas e anseios da carismática protagonista que, apesar de toda sua força, coragem e de já ter vivido todas as agruras e sofrimentos possíveis, ainda é só uma adolescente em fase de descobertas.
Aliás, falando nela, é bom ver uma heroína que foge daquele arquétipo da donzela em apuros que já se tornou comum na maioria dos títulos dedicados ao público infanto-juvenil. Katniss é guerreira, dona de uma personalidade forte e marcante, que não se deixa sucumbir facilmente, seja diante dos obstáculos em seu tortuoso caminho, ou dos sentimentos confusos e contraditórios que nutre pelo seu parceiro e rival na arena.
Suzanne Collins mantém um alto nível de tensão durante praticamente toda a segunda metade do livro e constrói um universo palatável com personagens que sustentam bem a sua história. Não se aprofunda, mas pincela de maneira inteligente questões como a desigualdade social, a hierarquia opressora da sociedade e até a alienação das massas, chegando bem próxima de uma crítica afiada e irônica às audiências de reality shows, ao público espectador manipulado pela televisão com seus modismos, fenômenos mediáticos e altas doses de demagogia. Isso sem nunca ir a fundo nessas discussões, colocando-as como plano de fundo, sabendo que seu livro trata-se de uma história fictícia ambientada em um futuro distópico e apocalíptico. Uma fantasia sombria, sim. Mas ainda assim uma fantasia.
Jogos Vorazes está longe de ser uma obra-prima e nem é essa a intenção. Mas é um excelente passatempo e um dos melhores títulos YA Lit que foram lançados nos últimos tempos. A obra mostra que nem tudo o que é destinado ao público jovem é descartável, infantilizado ou desprovido de imaginação e inventividade. Muitos apontam o livro como sendo bobo, forçado, superficial. Discordo, Jogos Vorazes é mais do que se pode esperar de um entretenimento que surgiu em meio a tantos livros que vem apresentando exatamente as mesmas fórmulas como Fallen e outros genéricos.
Ao leitor desavisado, prepare-se: Jogos Vorazes é dinâmico, divertido e bastante sangrento.
Em tempo: O teaser da adaptação para os cinemas de Jogos Vorazes foi exibido no último domingo, na premiação musical da MTV, o Video Music Awards. É muito cedo para se tecer qualquer comentário mais aprofundado, mas a primeira impressão é que a estética Crepúsculo fez escola. Movimentos de câmera, edição, cortes, fotografia, trilha sonora e até o voice-over soam como herança do estilo Crepuscular… Antes que achem que estou exagerando, aí vai o teaser que não me deixa mentir:
Vamos esperar que seja apenas uma falsa primeira impressão…