Okay, esse post ficou enorme, mas como se trata da resenha de cada um dos livros da série Harry Potter, espero que os possíveis leitores deem um desconto. Tentei ser o mais objetiva possível com cada um dos textos, mas como sou meio prolixa, não tenho certeza se fui bem-sucedida.
😉
Livros
A Pedra Filosofal:
Durante onze anos, Harry teve de viver sob os cuidados (leia-se maus tratos) de seus tios trouxas (como são conhecidas as pessoas que não são bruxas no Mundo da Magia), os Dursley, não tendo nem mesmo uma remota idéia de sua verdadeira natureza, uma vez que seus tios fizeram de tudo para enterrar qualquer vestígio de que, na verdade, ele descendia de bruxos.
Lily e James Potter (nas traduções em português dos livros, Lilian e Tiago), os pais de Harry, foram assassinados pelo Lord Voldemort quando Harry tinha apenas um ano. Conhecido no mundo bruxo como O Menino que Sobreviveu, ele não fazia idéia do quanto era famoso entre seus iguais, uma vez que foi o único sobrevivente do feitiço da morte, o Avada Kedavra.
Depois de Voldemort matar sua família, ele tentou assassinar o pequeno Harry e, surpreendentemente, o feitiço se virou literalmente contra o feiticeiro, o reduzindo a um pedaço de alma sem forma física, fazendo com que a população bruxa o desse como morto. Daquele dia, em Harry, restou uma lembrança – uma cicatriz com um curioso formato de raio em sua testa.
Quando finalmente completa onze anos, correspondências com um remetente estranho começam a ser entregues na casa dos tios de Harry por corujas. Os Dursley tentam a todo custo se livrar das cartas e não deixar que Harry saiba a respeito da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, na qual está matriculado. Mas de nada adianta. O guarda-caça, Hagrid, parte em busca de Harry e depois de muitas explicações e de dar uma dura nos tios trouxas do garoto que sobreviveu, Potter descobre que é um bruxo e lá vai ele no Expresso Hogwarts com destino à famosa Escola de Magia e Bruxaria.
Harry parece finalmente ter encontrado seu lugar no mundo e descoberto amigos que se tornariam seus parceiros de toda a vida, Ron e Hermione. Mas como nem tudo é encantador e lúdico no mundo da magia, ele tem de lidar com a arrogância do colega Draco Malfoy (com quem a rivalidade vai se tornando cada vez mais acentuada no decorrer dos volumes da série) e a antipatia e o desdém infundados do professor de Poções, Severus Snape, para com ele, sentimentos que acabam se tornando recíprocos.
Em A Pedra Filosofal, somos apresentados a um universo crível com personagens carismáticos. Uma digna introdução ao mundo de Harry Potter ainda que a aventura pareça um pouco pálida, mas é compreensível, uma vez que Harry era apenas uma criança de onze anos ao lado de amigos da mesma idade ainda não preparados para perigos da magnitude dos que enfrentariam nos livros seguintes. Aqui, nós ainda podíamos ter a certeza e o alívio do pleno final feliz, algo que seria impossível nos romances futuros.
Já neste primeiro volume da saga, descobrimos que Potter herdou duas coisas valiosas de seu pai: o talento para o Quadribol – e Harry acaba por se tornar o Apanhador mais jovem em muito tempo – e a famosa Capa da Invisibilidade que já da o ar de sua graça nesse livro e se torna mais que um acessório, uma companheira indispensável de Harry nos volumes seguintes.
Uma das passagens mais interessantes deste livro é quando Harry descobre o Espelho de Ojesed – um objeto mágico que permite que as pessoas vejam ao invés de seu reflexo, o seu mais puro e profundo desejo. Nele, Harry enxerga seus pais, um momento que dá margem a uma das várias e sábias frases de Dumbledore: “Não vale a pena viver sonhando e se esquecer de viver”.
O resultado não é de todo satisfatório, mas é um livro divertido, encantador e cuja mitologia é capaz de fascinar e prender a atenção não só do público infantil, mas também de leitores maduros, pela habilidade e talento com que Rowling conta sua história. A Pedra Filosofal passa longe de ser o melhor livro da série e nem tem essa intenção. Como já dito acima, uma digna introdução e uma narrativa bem amarrada e consistente.
A Câmara Secreta:
Em seu segundo ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, os estudantes e o corpo docente da Escola estão apavorados e em estado de alerta. A Câmara Secreta – que estava fechada há vários anos e muitos acreditavam se tratar de uma lenda – foi novamente aberta. Da última vez que isso aconteceu, houve uma tragédia em Hogwarts e, desta vez, uma série de eventos estranhos passa a assolar o castelo.
A Câmara esconde uma terrível criatura capaz de matar todos os chamados “sangue-ruins” de Hogwarts. Segundo a lenda, apenas o herdeiro de Slytherin – o fundador da casa da Sonserina – pode abri-la. Harry acaba, por força das circunstâncias, envolvido no caso e, por se tratar de um ofidioglota (bruxo que fala com cobras, assim como Slytherin), os demais alunos acreditam que o tal herdeiro só possa se tratar de Harry.
Potter ainda se depara com um misterioso diário que pertence a um antigo estudante, Tom Ridle. Não é um diário comum, pois é capaz de controlar a mente de quem o possui. E é este estranho e enigmático item que pode levá-lo à Câmara Secreta.
O segundo volume da série é feito de momentos e passagens interessantes, mas o conjunto, em si, não é assim tão memorável. Agora com seus personagens devidamente apresentados ao público, Rowling se permite acrescentar mais elementos à história e enriquecer sua mitologia.
Seguindo a mesma linha do livro anterior, A Câmara Secreta é outra leitura agradável para se devorar em questão de horas. Uma aventura divertida e dinâmica. O destaque fica por conta do personagem de Ginny Weasley, a irmã de Ron, que carrega pra cima e pra baixo o misterioso diário; e do novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Gilderoy Lockhart, que garante boas risadas ao longo da narrativa.
Aqui também temos um pouco mais de conhecimento acerca do passado de Lord Voldemort ainda em sua época de aluno, quando era conhecido pelo seu verdadeiro nome, Tom Ridle. Esse é um dos grandes trunfos de Rowling que vai apresentando aos pouquinhos, ao longo de toda a série, a origem desse carismático vilão.
De toda a saga, é um dos livros de que menos gosto, mas ainda assim vale a leitura.
O Prisioneiro de Azkaban:
Na minha obscura opinião é, com certeza, o melhor livro do bruxinho. Tendo consciência de que seus leitores estão crescendo, Rowling não hesita em pincelar sua narrativa com tons de cinza e adicionar algumas passagens mais sombrias. As criaturas malignas e horripilantes que atendem pelo nome de Dementadores aparecem em profusão nessa história para o horror de Harry e seus amigos e para a alegria de Draco Malfoy, rival de Potter, que não perde a oportunidade de zombar e atormentar Harry pelo fato de ele sempre desmaiar com a aparição dos horripilantes guardas da prisão de Azkaban.
Em O Prisioneiro…somos apresentados ao professor de Defesa Contra as Artes das Trevas favorito de todos e um dos melhores personagens da saga, Remus Lupin. Com ele, Harry aprende a conjurar um patrono (Expecto Patronum!) para poder se proteger dos Dementadores. O Prisioneiro do título é Sirius Black, supostamente o responsável indireto pelo assassinato de Lily e James Potter. Um fiel seguidor de Voldemort que escapou da prisão de Azkaban há pouco tempo e agora está atrás de Harry, e ao que tudo indica, para matá-lo. Conforme vamos avançando na leitura, descobrimos que nem tudo é o que parece e Black é mais um que vem compor a galeria de grandes personagens da saga Harry Potter.
Destaque para o Vira-Tempo de Hermione que até hoje gera polêmicas discussões em fóruns na internet – o que é extremamente compreensível em se tratando de histórias que envolvem viagens no tempo – e para o Mapa do Maroto, um presente dos gêmeos Weasley para Harry. É nesse livro que os leitores ficam sabendo da existência dos Marotos, um dos aspectos que sempre me chamou mais a atenção na história. A cena em que Aluado, Almofadinhas, Rabicho e Pontas apresentam seus cumprimentos ao professor Severus Snape através do Mapa é das mais divertidas e antológicas.
Apesar de algumas passagens mais obscuras, continua sendo uma aventura direcionada ao público infanto-juvenil. Rowling parece bem mais segura de sua narrativa neste volume e confere à história a grandiosidade e a mágica que estavam um pouco em falta nos primeiros livros.
De fato, este é o romance que conta com um dos melhores argumentos, a narrativa mais bem desenvolvida, ágil, precisa, envolvente e a introdução de dois dos personagens mais fascinantes e carismáticos da série.
O Cálice de Fogo:
No final das férias de verão, Harry recebe um convite indispensável dos Weasley, a família de Ron, para assistir à Copa Mundial de Quadribol. Ao final da partida decisiva, um estranho acontecimento deixa os bruxos em choque. A marca de “Você-Sabe-Quem”, o Lorde das Trevas, surge no céu, e os Comensais da Morte também aparecem causando um enorme caos.
É o quarto ano de Harry em Hogwarts, há um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas – Alastor “Olho-Tonto” Moody – e o castelo será palco de um emocionante e extraordinário evento: O Torneio Tribruxo. Além de Hogwarts, alunos de outras duas escolas irão participar. Apenas os maiores de 17 anos podem colocar seu nome no Cálice de Fogo para o sorteio e somente um estudante de cada escola poderá ser selecionado.
Óbvio que o nome de Harry é misteriosamente sorteado, ainda que ele tenha apenas 14 anos e que não tenha colocado seu nome no Cálice. Há alguma coisa estranha por trás disso, mas o fato é que Harry, ao lado de Cedric Diggory (também representante de Hogwarts, da casa Lufa-Lufa) Victor Krum (Durmstrang) e Fleur Delacour (Beauxbatons) foram os nomes selecionados pelo mágico Cálice e, portanto, por mais estranhas que sejam as circunstâncias, devem competir no Torneio Tribruxo.
Depois da precisão narrativa de O Prisioneiro de Azkaban, é meio impossível não se assustar com a eloqüência de Rowling em O Cálice de Fogo. O livro não é ruim, muito longe disso. Mas seria melhor se tivesse, pelo menos, umas 80 páginas a menos.
Algumas passagens são extremamente desnecessárias. Poderia se cortar, por exemplo, boa parte da Copa de Quadribol e realmente não fazia diferença a seleção dos alunos para as casas e a música do Chapéu Seletor. Coisas imemoráveis que não acrescentam nada à história e, simplesmente, não fazem diferença no todo.
Rowling se propõe a explicar e detalhar demais mesmo quando não convém. E a inserção exagerada de personagens como a jornalista enxerida Rita Skeeter mais atrapalha do que ajuda. Uma participação mais comedida desta e outras personagens já seria mais do que suficiente.
E isso faz com que personagens que deveriam ter mais profundidade na história como Cedric Diggory, soem rasos e superficiais, só apresentando alguma efetividade mesmo no clímax como é o caso.
Contudo, em um ponto há de se convir que J.K. acertou em cheio: Harry, Ron, Hermione e os demais não são mais crianças. Agora, são adolescentes e tem mais preocupações além dos mistérios que cercam Hogwarts e envolvem a origem e história do próprio Harry Potter. Eles estão começando a se interessar pelo sexo oposto, precisam convidar alguém para o Baile de Inverno e começam a perceber que os sentimentos vão além da amizade, o que pode gerar ciúmes, conflitos e até algumas lágrimas.
O Cálice de Fogo fica aquém de seu antecessor, mas algumas das soluções propostas por Rowling são inteligentes e acertadas. O clímax deste livro é o mais obscuro e violento até aqui. A escritora abre mão do happy ending neste volume e faz seu herói ter de aprender a lidar na marra com a morte de um companheiro próximo e a volta triunfal de Lord Voldemort.
Aqui já temos um vislumbre do que está por vir. Os indícios de que personagens importantes vão começar a morrer, que o confronto final se aproxima e que as coisas vão começar a mudar no mundo da magia se fazem presentes no terço final do romance. É hora de Harry finalmente crescer e descobrir que o universo mágico em que vive não é mesmo tão encantador quando aparenta e pode ser extremamente apavorante e perigoso.
A Ordem da Fênix:
Talvez por estar atravessando uma fase difícil – a adolescência – e não ser um jovem comum, Harry esteja passando por um estágio natural inerente a essa etapa confusa da vida. Ele está se tornando um adolescente rebelde cujas respostas que obtém para todas as dúvidas que o afligem parecem insuficientes e isso o deixa frustrado, bravo e aborrecido consigo mesmo e com todos à sua volta.
Rowling confere demasiada humanidade ao seu herói que agora, de vez, que não se importa em andar na linha ou ser sempre um exemplo de boa conduta.
Ele já começa a história irritado, novamente na casa dos Dursley, seus tios trouxas, onde costuma passar as férias a contragosto. Ele quer saber notícias de seu mundo, mas o jornal de lá, O Profeta Diário, parece estar omitindo do povo bruxo os fatos reais e assustadores que os cercam. Pra completar, seus amigos, Ron e Hermione, parecem ter esquecido que ele faz parte da equação e, portanto, evita pensar neles e em seu padrinho, Sirius Black, de quem tanto gosta, mas que o máximo que tem feito é enviar recados genéricos dizendo para ele se comportar.
Harry decide aplacar sua frustração enfrentando o primo gordo e que sempre o maltratou, Dudley. E, ao final disso, Harry acaba tendo de protegê-lo dos Dementadores que surpreendente e inexplicavelmente invadem a Rua dos Alfeneiros. Tudo isso termina numa audiência que Harry comparece no mundo dos bruxos por ter usado a magia fora da escola sendo menor de idade.
Dumbledore e Harry estão desacreditados no mundo da magia por alegarem que Voldemort está de volta, algo que o Ministério passa a história inteira a desmentir e encobrir a todo custo, para não alarmar a população bruxa. Isto faz com que Potter e seu mentor sejam vistos como mentirosos e lunáticos e as pessoas não fiquem cientes da assustadora realidade à sua volta.
A Ordem da Fênix do título é composta por Sirius, Lupin, os pais de Ron Weasley, o controverso Snape, entre outros, e liderada por Dumbledore para combater Voldemort e seus seguidores. Uma Ordem antiga, da qual os pais de Potter fizeram parte no passado. Por sua vez, Harry também forma seu grupo ao lado de seus amigos e de alunos de outras casas que mostram interesse na iniciativa, a Armada de Dumbledore, para tentar combater os métodos retrógrados e medievais da nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dolores Umbridge, que é declaradamente uma espiã em Hogwarts a mando do Ministério.
Novamente, Rowling dá vazão a sua verborragia, mas agora tudo faz mais sentido, incluindo detalhes. Todos esses elementos citados compõem uma narrativa grandiosa de contornos épicos que fazem deste um dos melhores volumes da saga.
É difícil largar a leitura dinâmica, rica e emocionante. O final – o confronto da Armada e da Ordem contra os Comensais da Morte de Voldemort culmina numa tragédia que chega a arrancar lágrimas, principalmente de quem é fã do personagem que encara a morte desta vez, vítima do feitiço Avada Kedavra.
Mais uma vez, não há o que se pode chamar de final feliz e, finalmente, a população bruxa toma conhecimento de que uma época de trevas paira sobre suas cabeças.
O Enigma do Príncipe:
O começo do fim. E infelizmente, um livro não tão bom assim, principalmente se comparado ao primor que é o livro que o antecede na cronologia Potteriana.
Mais um ano letivo começa em Hogwarts e com uma surpresa: Snape finalmente conquistou o tão almejado por ele, cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, uma função que parecia amaldiçoada, pois nenhum professor conseguiu se sustentar por mais de um ano na tarefa.
Harry agora tem encontros freqüentes com o diretor Dumbledore em seu escritório para descobertas importantes para a compreensão da história, o que os leva a inúmeras viagens reveladoras na Penseira (uma bacia de pedra onde são depositadas lembranças, sendo possível revê-las posteriormente)
Paralelamente a isso, Harry se vê as voltas com um misterioso livro de poções que no passado pertenceu a um aluno brilhante que se autodenominava Príncipe Mestiço. A aquisição faz com que Harry, se aproveitando dos ensinamentos e anotações do antigo proprietário do livro, conquiste a admiração do novo professor de Poções, Horacio Slughorn, e desperte a ira e, acredita Harry, a inveja de uma relutante Hermione.
Uma série de estranhos acontecimentos de conseqüências catastróficas, como experiências de quase morte vividas por alguns de seus colegas de Hogwarts, fazem Harry quebrar a cabeça tentando descobrir qual o objetivo dos ataques e ter uma estranha certeza de que Draco está por trás disso.
Rowling perde bastante tempo com o fracassado romance de Ron e Lilá Brown, os ciúmes de Hermione por conta disso e seu conseqüente afastamento do amigo, além do fraco desenrolamento da relação entre Harry e Ginny.
Se tem algo em que Rowling falha bastante é no aspecto “romance”. Ela não nasceu para narrar histórias de amor. Os seus trunfos mesmo estão na construção de personagens cativantes, na elaboração de complexas e plausíveis mitologias, no desenvolvimento de épicas batalhas, no desenrolar de aventuras dinâmicas e inteligentes, no entretenimento de qualidade focado no mistério, na ação e no suspense. Na hora de narrar as desventuras amorosas do trio protagonista, Rowling erra a mão. E os casaizinhos formados não soam assim tão encantadores e nem dão grandes motivos para suspiros.
No geral, esse livro tem alguns bons momentos, mas é uma narrativa mediana e pálida, sem nenhum grande destaque além do final chocante. Mas até chegarmos lá, já tivemos uma boa dose de leitura enfadonha.
Porém, nem tudo são deméritos. O Enigma do Príncipe possui trechos surpreendentes e reveladores. O passado de Tom Ridle, o Voldemort, agora parece bem mais claro para Dumbledore e Harry Potter. Tomamos conhecimento da existência das Horcruxes e o professor de Poções, que assumiu o antigo cargo de Snape, se mostra essencial para o resgate da lembrança que torna os enigmáticos planos do Lorde das Trevas mais nítidos.
Infelizmente, como já foi dito, a narrativa só engata mesmo nos capítulos finais. É um livro que parte de uma premissa interessante, mas que sofre com um desenvolvimento bem abaixo do esperado.
Relíquias da Morte:
J.K. Rowling é uma escritora inteligente que sabe como prender a atenção do leitor até o fim. Nesse último volume, ela se mostra coerente e fecha o ciclo de sua saga com uma narrativa épica, com altos e baixos, derrotas e vitórias de ambos os lados.
Revelações acerca do passado de personagens como Dumbledore e Snape são capazes de chocar os fãs e despertar neles os mesmos sentimentos contraditórios despertados no herói errante, Harry Potter. Mas são coisas que nos fazem constatar o talento de Rowling ao contar sua história. O universo criado pela inglesa não é maniqueísta e bidimensional composto de mocinhos e vilões. Como disse sabiamente Sirius Black em A Ordem da Fênix, o mundo não se divide em pessoas boas e Comensais da Morte. Seria simplista, irreal e fácil demais. Afinal, todos temos luz e trevas dentro de nós.
Nos dois lados do antológico e contundente confronto final há combatentes que tombam e como nos preocupamos e temos muito carinho pelas personagens da saga do bruxinho, é claro que nos enfurecemos, choramos e sentimos as mortes e perdas que parecem injustas. Mas como dizem por aí, vida não é justa e no universo de Harry Potter não é diferente. O que distancia os livros da realidade é apenas o aspecto magia. De resto, os valores e as lições ensinadas são totalmente inerentes à nossa própria realidade.
É óbvio que a prolixidade de Rowling incomoda em alguns momentos e outras passagens soam um tanto forçadas. Mas ao chegarmos aos derradeiros momentos da narrativa, isso não importa porque tudo parece fazer absoluto sentido desde que feitas as devidas ressalvas.
O final pode não agradar a todos e até deixar um gostinho amargo na boca. Confesso que da primeira vez que li, fiquei revoltada com o desfecho. Mas a minha leitura foi muito passional. Dessa vez, a abordagem foi mais crítica e analítica, ainda que não totalmente desprovida do sentimento de apego que sempre tive pelos personagens do romance. Na minha segunda leitura, compreendi melhor as soluções, saídas e decisões tomadas por Rowling e creio que ela concluiu a história de Harry da forma como deveria ser. Por isso, uma segunda chance é sempre importante.
Somente um fã insensível para não ter um exemplar de Relíquias manchado de lágrimas ou com páginas amassadas – reflexo de ameaças constantes de rasgá-las ou de atirar o livro contra a parede.
Fonte das imagens: LivrosGrátis.net e Shopping Livros
Andrizy Bento
Adorei! =D
Vou reler os livros antes de ver o último filme, claro que ainda não sei se conseguirei. Mas, creio que com alguns poucos dias desligada do mundo, conseguirei dar conta hehehhe
Aaah, não é só Relíquias que tem marcas de lágrimas, a Ordem da Fênix também tem. É muito triste o que acontece, e ao mesmo tempo inesperado. Sirius é um dos personagens que deveriam viver para sempre, morrer velinho, de cabelos brancos. Essa perda eu nunca vou me conformar…
Carol, tem razão!
Aquele momento em Ordem da Fênix é um choque… Dentre todos os personagens, tinha que ser o Sirius? Bem quando o Harry estava começando a descobrir o que era ter uma família? =’/
Muito triste mesmo. E em Relíquias nem se fale…
Andrizy